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MPPR oferece denúncia contra PMs
envolvidos na chacina de Jundiaí do Sul

Após 6 anos da morte de três rapazes e ferimentos graves a outro jovem, Ministério Público pede que policiais sejam submetidos a júri popular


Da Redação

Depois de seis longos anos de angustiante espera, completados no último dia 24 deste mês, finalmente a tragédia que se abateu sobre quatro família de Jundiaí do Sul, Norte Pioneiro do Paraná, poderá ter um desfecho. O Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR), depois de exaustivas e silenciosas investigações sob comando do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apresentou relatório ao Poder Judiciário da Comarca de Ribeirão do Pinhal, no qual denuncia nove policiais militares lotados no 2º BPM com sede em Jacarezinho, participantes de uma operação que resultou em três mortes e um ferido gravemente.

O caso teve grande repercussão por envolver quatro jovens, três deles sem qualquer passagem pela polícia, que retornavam de Curitiba onde trabalhavam, para visitar parentes residentes em Jundiaí do Sul. Ela noite de sábado, dia 24 de setembro de 2016, quando, ao se aproximarem da cidade, se depararam com viaturas da PM obstruindo a passagem na rodovia, na frente das quais estavam vários policiais sob o comando do Coronel Antônio Carlos de Morais e, sem qualquer chance de se defenderem, foram recepcionado sob uma saraivada de balas que matou três rapazes na hora e um quarto, gravemente ferido foi levado ao hospital, sendo o único sobrevivente, mas com graves e irreversíveis sequelas.

O MPPR denunciou nove policiais militares que serão julgados pelo Tribunal do Júri caso da Justiça concorde com a proposição da promotoria. O primeiro deles é o coronel da reserva, Antônio Carlos de Morais, seguido de Aníbal Pires do Amaral Neto, Carlos Augusto Facco, Patrick de Carvalho Arantes, José Henrique da Silva, Thiago Souza da Rosa, Anderson Mario de Souza, Diego Rodrigo dos Santos de Lima e Gilmar José Elias do Prado

Tragédia anunciada
Eram três garotos cheios de sonhos. Todos tinham como profissão a mecânica de automóveis e mudaram-se da pequena Jundiaí do Sul, no Norte Pioneiro do Paraná, para Curitiba, em busca de alargar o horizonte profissional. Decidiram na tarde daquele sábado (24 de setembro de 2016), matar a saudade de suas famílias e curtir o clima festivo de uma eleição municipal agitada.

Bruno Henrique Santana Conde, 25 anos, Júlio Cesar Francisco Correa, 23 anos, e, Danilo Moraes de Pontes, 28 anos, eram garotos normais, sem nunca terem passagem pela polícia. Um quarto ocupante do carro, Claudinei Pereira da Silva, 25 anos, que pediu carona momentos antes do início da viagem, não fazia parte do rol de amizades dos garotos. Era apenas conhecido, mas sem detalhes de sua vida pessoal. Se soubessem que Claudinei era foragido da polícia por conta de ameaças contra um policial militar de Ribeirão do Pinhal, através de uma postagem feita em redes sociais, seguramente não teriam dado carona ao rapaz.

Ele apareceu na internet portando uma pistola e fazendo ameaças ao PM. Ali estava decretada sua pena de morte e, com ele, levou dois garotos inocentes e deixou outro com sequelas graves que irão acompanhá-lo pelo resto da vida. Esse massacre cometido contra quatro jovens por alguns integrantes do 2º BPM de Jacarezinho foi comandado pelo coronel Antônio Carlos de Morais, que hoje ocupou o segundo mais importante posto na direção-geral da Polícia Militar do Paraná. Vale assinalar que dos 12 PMs que atuaram no massacre, três deles não disparam contra o carro em que estavam os jovens e, por isso, não foram denunciados pelo MPPR.

Apesar da gravidade da tragédia, foram necessários seis anos para que as autoridades desses uma resposta à sociedade. Revoltado, o pai de Danilo Pontes, o único sobrevivente, cabo aposentado da PM, Antônio Pontes, o Tunicão teve sua vida virada do avesso desde a tragédia.

“Tenho dentro de casa um filho traumatizado, com sequelas dos 22 tiros que recebeu pelo corpo. O braço direito foi destroçado por uma bala que lhe tirou os movimentos para o resto da vida”, assinalou, apontando uma esperança com a entrada do Gaeco, nas investigações.

Agora Tunicão esboça esperança de que este caso não vai cair no esquecimento, como tantos outros neste estado do Paraná e neste país. Aguarda o posicionamento da justiça a quem deposita sua esperança.

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