By Cacalo Kfouri
CPI das Fake News aprovada!
Mas, que tal criar a CPI do Bom Senso na tentativa de fazer com que as pessoas acordem Tico e Teco e passem a avaliar no que devem acreditar? É evidente que providências devem ser tomadas em relação às plataformas que divulgam as mentiras, porém só isso não resolverá o problema.
Se as pessoas continuaram a interpretar o que leem com o estômago em vez de com o cérebro a questão não terá fim.
Dia após dia, jornais, TVs e portais publicam reportagens a respeito do “Golpe do Amor”, marcação de encontros amorosos por meio de zapzap e dia após dia há quem caia. A mais “nova” vítima tem 71 anos…
Também são publicadas matérias que tratam de uma nova modalidade de armadilha, a entrega de buquê de flores para aniversariantes. É enorme o número dos que caem, chegando a perder quantias ao redor dos R$ 10 mil.
O que explica a absurda quantidade de influencers sem capacidade para influenciar nem a si mesmos e que têm milhões de seguidores? Este, por exemplo, seguido por milhares de pessoas, desconhecia até o quê podia ou não comer: comeu um bolinho de camarão, teve uma reação alérgica e morreu. Quem se deixava influenciar por ele deve ter na cabeça o mesmo material que os camarões.
Anteontem, o ex-presidente Bozo, em depoimento à Polícia Federal, declarou ter divulgado um vídeo com fake news a respeito do resultado das eleições presidenciais porque estava sob efeito de morfina. Seus seguidores acreditaram. Que CPI terá o dom de fazê-los cair na real?
E bancada evangélica na Câmara dos Deputados? Confessa descaradamente ser divulgadora de fake news. Quer introduzir no projeto de lei das Fake News um artigo que não permita a exclusão pelas plataformas das mentiras que eles, “tremendamente cristãos” e seus fiéis que acreditam nelas, postam ao serem consideradas ofensivas à população LGBTQIA+. Mentiras com certificação bíblica segundo eles…
Esta postagem poderia ficar de acordo com o que pretendem, srs “evangélicos”?: “Uma ex-professora norte-americana conta que atendeu ao “chamado de Deus” para que ela se tornasse uma estrela pornô e ficou milionária”. Sem problemas, não é blasfêmia?
Um curso altamente recomendável para todos é um que explique muito bem explicado o que é liberdade de expressão e que mostre claramente que ela tem limites, diferentemente do que muitos pensam, principalmente os desprovidos de princípios éticos e morais.
O problema maior não está nas ferramentas nem em quem faz mau uso delas – é claro que há que tomar providências, multas pesadas – e sim nos receptores. Se a maioria continuar acreditando que dois mais dois são cinco não há possibilidade de solução do problema.
Mesmo?
Que visão torta a do atacante corinthiano Róger Guedes a propósito da saída de Cuca: “O clima é uma merda. Não tem outra palavra. Treinador sai depois de uma classificação difícil. Parte da imprensa e torcedores que atacaram ele foi desumano.”. Relevando o péssimo Português, o que será que Guedes considera humano, o estupro que levou a criança de 13 anos estuprada a uma tentativa de suicídio?
E completou dizendo que acredita na palavra do técnico. Então, a menina está mentindo? Os peritos que encontraram esperma de Cuca no corpo da vítima estão mentindo? A Justiça suiça, que o condenou a pena de 15 meses de prisão e a uma multa da U$ 8 mil, é tão furada como seus queijos?
A imprensa, principalmente o repórter do UOL Adriano Wilson, que entrevistou o advogado da vítima e este provou que Cuca estava mentindo, cumpriu o seu papel. Por isso é que jornalistas desagradam tanta gente.
Uma cena triste foi vista anteontem ao final do jogo em que o Corinthians derrotou o Remo por pênaltis. Todos os jogadores correram para abraçar Cuca, o que pode ser entendido que não consideram grave o estupro que cometeu. Mais uma violência contra a então criança.
O episódio serviu também para mostrar o tamanho da falta de noção de grande parte de quem comenta o teor das matérias postadas nos portais, foi um festival de ornejos só comparados aos dos ex-presidente.
Que saudades de Vicente Matheus, com ele este lamentável episódio jamais aconteceria, ele amava e respeitava o Corinthians. E sua mulher, Marlene.
Gira, aumentativo Girão
Alguns sobrenomes servem feito uma luva a seus portadores. É o caso do senador Eduardo Girão, adepto do dopadão ex-presidente. Tentou, ontem (27), entregar uma réplica de plástico de um feto de 12 semanas ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em uma audiência no Senado.
Levou um “chega pra lá” do ministro: “Em nome da minha filha que vai nascer, eu me recuso a receber isso aí. Em nome da minha filha, não vou receber. Isso é um escárnio, não vou receber. Respeitando o seu cargo, eu não vou aceitar, eu sou um homem sério e acredito que o senhor também seja”.
Almeida cometeu um engano ao acreditar na possibilidade de Girão ser sério.
Como fazem todos os coisistas, pelo fato de ser contra o aborto, mesmo nos casos permitidos por lei, tenta impor sua visão preconceituosa.
(CACALO KFOURI)