Gladys Santoro
Às 17h41 desta quinta-feira, 20, começou, oficialmente, o Inverno, que deveria ser o período mais frio do ano, porém, já tem algum tempo que as estações se misturaram e não dá mais para contar com as “água de março” nem com as “boas novas de setembro”. A única coisa certa é o calor, que persiste em todas as épocas e, ultimamente, a falta de chuvas, que vem afetando a agricultura de maneira preocupante. A saúde das crianças e idosos também tem passado por momentos difíceis para quem tem problemas respiratórios.
CALOR E FALTA DE CHUVA
Segundo o meteorologista do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), Willian Romão, o tempo só deve sofrer uma resfriada na segunda quinzena do próximo mês, ou seja, de julho, mesmo assim, as temperaturas não devem cair nem 5 º. De acordo com o instituto, a população, principalmente, do Norte Pioneiro, uma das regiões mais quentes do Paraná, só vai ter um alívio maior na temperatura em setembro, quando a Primavera estiver chegando. “São as influências do El Nino e La Nina. O primeiro está se afastando e o segundo querendo chegar, deixando o tempo ainda mais seco”, comentou.
Willian acredita que a mudança de estações – inverno para primavera- pode trazer mais vento frio. Ele disse que ainda é cedo para falar em chuvas.
No dia 28 deste mês, está marcando chuva, mas para a região de Londrina. “No Norte Pioneiro, pode ser que o tempo fique apenas nublado”, comentou.
PERDAS NA AGRICULTURA
O Gerente Regional do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR)Paraná, engenheiro agrônomo Maurício Castro Alves fez um panorama rápido da situação da agricultura regional. Embora contido e não alarmista, Maurício conta que a Cana de Açucar já apresentou perda de produtividade em cerca de 20 e 30%, a Soja vem perdendo produtividade e qualidade desde o ano passado, por causa da pouca chuva. “A soja já perdeu bastante. O Café está sendo colhido, mas já deu para saber que está perdendo em qualidade. Ele está miúdo, qualidade inferior e peso abaixo também. Nossa região trabalha com Café Especial. Essa queda prejudica a comercialização”, disse.
CULTURAS
A última chuva significativa que passou pela região foi no dia 24 de Maio. Depois disso, nem garoa. “A Olericultura e a Fruticultura precisam de irrigação, mas já está faltando água até para os animais no pasto. Não Chove há bastante tempo. Tem prefeitura que está enviando caminhão pipa para famílias e animais no campo”, disse.
SISTEMA AQUÍFERO PREJUDICADO
“Não se trata de uma catástrofe, mas sim de um alerta para a falta de água. O momento é crítico, delicado, é preciso fazer um alerta a todos”, afirmou.
Para Castro Alves, há mais de 20 anos, que agricultores, proprietários de terras e a população em geral não cuidam das nascentes. “É preciso proteger as beiras de rios, grotas, minas. Estão todas desmatadas. Isso não é apenas responsabilidade do poder público. É de cada um de nós. Temos que pensar que a água pode faltar e que nada sobrevive sem ela”, finalizou salientando que todo sistema aquífero da região está afetado pela falta de chuvas desde o ano passado.