Política

Democracia não vai sucumbir ao terrorismo

Assessoria

São lamentáveis as cenas de ataque à democracia que assistimos durante o dia de ontem (08/01) em Brasília. Uma conspiração abjeta arquitetada por grupos bolsonaristas e terroristas que entraram, sem qualquer resistência das forças de segurança do Distrito Federal, e vilipendiaram mais que prédios públicos, mas a democracia brasileira.


Brasília, nossa capital federal, foi palco de um dos mais tristes episódios que marcam a história da nossa jovem democracia. Desde a derrota nas urnas, bolsonaristas radicais já anunciavam a desordem, pois não aceitam a eleição do presidente Lula.

É importante pontuar que essa descrença na Justiça Eleitoral é resultado de ataques diretos do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e questionamentos de sua cúpula sobre código fonte e modelo de urnas que, num delírio populista, teriam o desfavorecido na corrida presidencial.

Até chegarmos neste ponto, que nos encontramos, foram muitos os elementos instigados por Bolsonaro e pelo bolsonarismo, entre eles, a descrença nos Poderes, especialmente na Justiça, o incentivo ao ódio e ao delírio coletivo. O bolsonarismo faz com que as pessoas acreditem veementemente em mentiras óbvias e comprovadas, as pessoas passam a acreditar no que querem acreditar, e não necessariamente na realidade.

Essa ponderação é necessária para compreendermos a situação que estamos vivenciando. O Brasil já passou por momentos de grandes manifestações, as Diretas Já, que marcaram a redemocratização; o Fora Collor em 1992; as jornadas de Junho que resultaram no Golpe da ex-presidenta Dilma, entre outras manifestações.

Porém, é a primeira vez na história que vivenciamos terroristas adentrando e depredando os prédios mais importantes do país. Brasília foi construída para abraçar os brasileiros, projetada no centro do país, carrega algo que é simbólico, o entendimento de que deveria servir os interesses da população.

Neste domingo, ao invadir a Praça dos Três Poderes, ao quebrar as vidraças, os terroristas violaram não apenas a Constituição Federal, mas os princípios da cidadania. Os prédios têm importância, a mobília tem importância e as obras de arte também. O estrago feito é muito mais do que econômico, é material, é histórico e, sob este ponto de vista, é incalculável.

A preservação do patrimônio público não diz respeito apenas à questões financeiras, da economia ao erário. A preservação do patrimônio público é a preservação da sua história, cada cadeira quebrada e atirada pela janela conta uma história; cada mesa estragada serviu de apoio para abrigar e assinar importantes documentos; cada obra de arte esteve ali ao longo dos anos, presenciando diálogos que contribuíram bem ou mal para a construção de uma nação. A Esplanada é um museu vivo.

É necessário que os responsáveis diretos e indiretos paguem por seus crimes, mas o estrago cometido neste dia 08 de janeiro é irreversível.

O que precisamos agora é conseguir identificar os criminosos, seja os que depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e a Suprema Corte, seja aqueles que financiaram o movimento, e também aqueles que agiram por negligência ou má-fé.

Por exemplo, a nomeação do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, para o cargo de Secretário de Segurança Pública do Distrito Feral, Anderson Torres – que já foi exonerado – não cheira bem.

A situação passou longe de ser bem controlada, a Segurança Pública do Distrito Federal agiu de forma irresponsável, o efetivo de policiais militares era ínfimo, tendo inclusive os poucos policiais presentes assistindo ou se divertindo com a invasão à sede da República.

Ao longo da semana, os bolsonaristas estavam anunciando um ataque, era previsível que não fossem agir dentro da ordem. O Ministro da Justiça Flávio Dino chegou a pedir bloqueio total da Esplanada, mas o Governador Ibaneis Rocha negou, impedindo apenas a entrada de veículos. Em vídeos que circulam nas redes sociais e foram amplamente divulgados pela mídia, podemos ver a PM escoltando os manifestantes até a Praça dos Três Poderes.

Está nítido que houve erros de planejamento, tática e estratégia. Não sabemos se foi intencional, mas considero prudente e necessária a Intervenção Federal na Segurança Pública do DF, decretada pelo presidente Lula. Assim temos a confiança de que a situação será tratada com responsabilidade.

É lamentável que tenhamos chegado a este ponto, é lamentável que o bolsonarismo tenha tido a coragem – ou a covardia – de mostrar sua real face. E é curioso que escolheram o momento de maior vulnerabilidade do Governo Federal, quando ainda são recém-nomeados ou ainda nem estão nomeados os diretores, superintendes e responsáveis por várias pastas.

A transição é delicada e quando não conta com o apoio, estrutura e logística do antecessor, pode causar estragos como os que vimos. Pelo contrário, o governo antecessor trabalhou pela instauração do caos, com silêncio presidencial, com mensagens subliminares e com a cúpula bolsonarista incentivando o golpismo, como ocorreu nos Estados Unidos, quando apoiadores de Trump entraram no Congresso americano.

A certeza que tenho é a de que temos duas grandes tarefas: 1) devemos trabalhar para identificar os terroristas; 2) ocupar as ruas e as redes para defender o resultado das eleições. É nosso papel, enquanto cidadãos e militantes, defender a democracia e devolver os ratos terroristas para o esgoto.

Já nos disse Lula em seu discurso de posse: DEMOCRACIA PARA SEMPRE!

Foto: Evaristo Sá/AFP/ Reprodução G1

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