Assessoria
O deputado federal Zeca Dirceu (PT), membro da Comissão de Educação na Câmara, classificou como “trágica” a falta de orçamento do Ministério da Educação, o que levou o cortes de programas como a merenda escolar e os recursos das universidades e institutos federais “Nada justifica a situação da educação, das finanças do país, e das ações do governo que mexem com a vida da população. Estamos diante desse caos financeiro”, disse Zeca Dirceu nesta quarta-feira, 7, durante entrevista a Rádio do PT.
Zeca Dirceu afirma que o desmonte da educação, assim como outras áreas como a saúde e assistência social, é incongruente com o aumento na arrecadação de impostos e contribuições federais. “A arrecadação neste ano já passou de R$ 1,7 trilhão de janeiro a outubro. Somente no mês de outubro, bateu na casa dos R$ 205,4 bilhão. Então, dinheiro não falta”, disse.
“A atual situação converteu a União pela inércia, incompetência, privilégios para poucos e no desmonte de todas as áreas prioritárias e estratégicas da ação pública, o que resultou num país famélico, pobre e sem esperança de qualquer porvenir”, completou o deputado..
Recomposição
O descaso e o desgoverno das cinco mil obras para educação vai acabar, segundo Zeca Dirceu, a partir de 1º de janeiro de 2023 quando o presidente Lula (PT) retirar o sigilo de 100 anos em casos que apontam para corrupção, tráfego de influência, entre outros desmandos. “O governo que está aí não teve foco ao aplicar os recursos em áreas que mexem com a vida da população, como é a saúde, a educação, como são as políticas da área social, as políticas de apoio à produção de alimento, agricultura familiar, ocultando ações nefastas no meio ambiente. Todas essas áreas foram destruídas”, disse.
O atual governo, diz ainda o deputado, tratou a educação pública como inimiga do Estado e não como estratégica para o desenvolvimento do país. “A educação é a grande ferramenta de mudança e para melhorar a vida das pessoas. A educação está base de investimento de qualquer nação que deu certo com pesquisa, ciência, tecnologia, inovação e extensão”.
“No Congresso, estamos trabalhando para reverter esse quadro, através do Ministério Público Federal e o Judiciário, e que o governo os recursos que o Ministério da Economia já deveria ter feito para que as universidades e institutos federais consigam minimamente pagar as suas contas básicas”, completou.
Universidades
O Paraná tem três universidades federais (UFPR, Unila e Fonteira Sul), a UTFPR com campus em 13 cidades e o IFPR que oferece ensino médio e superior em 26 cidades.
Na UFPR, o corte se estende desde as bolsas de estudantes a alimentos para os restaurantes universitários, conta de luz e água e os terceirizados da limpeza. A Unila não tem dinheiro para fazer qualquer pagamento em dezembro. No ano, a universidade perdeu R$ 6 milhões de recursos já previstos. Cerca de 1,5 mil estudantes ficaram sem bolsas e 78 trabalhadores terceirizados vão ficar sem salários.
“Quando fala-se que bolsas foram cortadas dá a impressão que é somente um auxílio a quem ‘só estuda’, quando na verdade a bolsa muitas vezes é a única fonte de sustento aos mestrandos e doutorandos. Estamos prejudicados de todas maneiras possíveis, é muito ruim passar o final de ano sem dinheiro. Está cada vez mais triste a situação do pesquisador no Brasil”, afirmou Maíra Orso, aluna de mestrado da UFPR.
Com os corte de R$ 1,4 bilhão, o MEC suspendeu pagamentos de milhares de bolsistas da Capes e médicos residentes e não tem recursos para compra de material escolar.