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Sem Samu, homem é atendido por populares e bombeiros, mas não resiste

Mauro Sérgio dos Santos, de 44 anos, agente de Endemias, sofreu uma parada cardíaca na área central da cidade

Gladys Santoro – Tá No Site

Na manhã de sábado, 4, o agente de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Santo Antônio da Platina, Mauro Sérgio dos Santos, de 44 anos, sofreu um infarto fulminante em pleno centro da cidade e morreu sem que nenhuma ambulância do Samu chegasse para dar suporte à vítima. 

Populares que viram o homem cair na rua ficaram desesperados e ligaram para o Samu e para os bombeiros. As respostas foram as mais diversas possíveis, mas, de imediato, ninguém apareceu. Nas proximidades estava o 1º sargento do Tiro de Guerra, Ednilson Buthencourte, que chegou a fazer massagem cardíaca na vítima. “Vi que ele estava sem pulso e iniciei as massagens. Ele chegou a tossir, mas não acordava. As pessoas em volta diziam que já tinham tentado o Samu e o Corpo de Bombeiros. Ansioso, eu mesmo telefonei para os bombeiros, que chegaram em cinco minutos e também tentaram manobras de ressuscitação, inclusive com desfibrilador. Mas o rapaz não resistiu e morreu ali mesmo”, disse.

O empresário Marcelo Eleutério também presenciou a ocorrência. “Foi um dia muito triste. Choro ainda só de lembrar. Liguei para o Samu e me disseram que não tinha ambulância disponível. O sargento do Tiro de Guerra fez várias massagens cardíacas e a vítima chegou até mesmo a ser reanimada, mas por pouco tempo. Eu fico nervoso nessas horas e comecei a reclamar da falta de estrutura. Hoje enviei um áudio para o prefeito falando sobre isso. Disse que foi muito triste ver uma pessoa morrendo sem nenhum socorro especializado. Pedi para que ele agilize a vinda de uma ambulância avançada do Samu. Qualquer um de nós podemos passar por isso. Pode ser a gente mesmo ou até um filho nosso. E morrer assim, sem que o atendimento especializado que pudesse ao menos tentar socorrer. É muito triste!”, lamentou.

A redação do Portal Tá No Site também tentou falar com o prefeito José da Silva Coelho Neto, o Zezão. A reportagem quer saber quais as chances de Santo Antônio da Platina conseguir uma ambulância do Samu de suporte avançado, já que outros municípios como Ibati, Jacarezinho e Cornélio Procópio contam, até com mais de uma, para atender a região. Além da falta de uma avançada, as viaturas simples do Samu, também conhecidas de “canela seca” que atendem Santo Antônio da Platina estão sucateadas e passam mais tempo na oficina em Cornélio Procópio, do que atendendo os platinenses.

Até a publicação desta matéria, o prefeito Zezão não havia retornado ao portal, mas o espaço fica aberto a ele assim que estiver disponível.

Na semana passada, a secretária municipal de Saúde, Gislaine Galvão, disse que há dois anos aguarda a liberação de uma ambulância de suporte avançado do Samu pelo Ministério da Saúde. Quem está intermediando a solicitação é o presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte do Paraná – Cisnop – prefeito de Santa Cecília do Pavão, Edmar Santos.

A redação do Portal Tá No Site também tentou falar com o prefeito José da Silva Coelho Neto, o Zezão. A reportagem quer saber quais as chances de Santo Antônio da Platina conseguir uma ambulância do Samu de suporte avançado, já que outros municípios como Ibati, Jacarezinho e Cornélio Procópio contam, até com mais de uma, para atender a região. Além da falta de uma avançada, as viaturas simples do Samu, também conhecidas de “canela seca” que atendem Santo Antônio da Platina estão sucateadas e passam mais tempo na oficina em Cornélio Procópio, do que atendendo os platinenses.

Até a publicação desta matéria, o prefeito Zezão não havia retornado ao portal, mas o espaço fica aberto a ele assim que estiver disponível.

Na semana passada, a secretária municipal de Saúde, Gislaine Galvão, disse que há dois anos aguarda a liberação de uma ambulância de suporte avançado do Samu pelo Ministério da Saúde. Quem está intermediando a solicitação é o presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte do Paraná – Cisnop – prefeito de Santa Cecília do Pavão, Edmar Santos.

Uma luta sem fim –  O radialista Juninho Queiroz vem lutando para que Santo Antônio da Platina tenha sua própria ambulância de suporte avançado há cinco anos, desde a morte de sua mãe, que após passar mal teve que esperar por quase três horas a chegada de uma ambulância vinda de Ibaiti. Juninho também relata o sucateamento das duas viaturas do Samu que atendem Santo Antônio da Platina. “Elas estão sempre na oficina. Já presenciei funcionários do Samu socorrendo um paciente a pé”, disse inconformado.

Sucateamento – O péssimo estado de conservação dos veículos já vem ocorrendo há muito tempo. A empresa que gerenciava o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a OZZ Saúde, em 43 municípios da região entrou em colapso financeiro por dívidas trabalhistas em Santa Catarina, e desde janeiro deste ano começou a atrasar pagamentos dos funcionários, equipe médica e fornecedores. Os trabalhos são gerenciados pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte do Paraná- Cisnop – com sede em Cornélio Procópio, que não renovou o contrato com a OZZ e contratou outra em caráter emergencial, porém, a situação dos veículos continua igual. Semana passada, uma ambulância estava voltando da oficina em Cornélio Procópio, quando quebrou novamente e precisou ser guinchada de volta ao conserto.

Bombeiros suprem ausência do Samu

A população ainda faz muita confusão quanto a competência do Corpo de Bombeiros, no que se refere a ocorrências ligadas à saúde. Na verdade, ultimamente, a corporação vem tentando suprir a ausência das ambulâncias do Samu de forma emergencial. De acordo com o capitão Angelino José de Siqueira, da Comunicação Social da Instituição na região (7º SGBI), “não negamos atendimento que envolva risco à vida, porém compromete a qualidade do nosso atendimento operacional, que é destinado a incêndios, desastres, inundações, enxurradas, enchentes, deslizamentos de terra, pessoas soterradas, afogamentos, acidentes com produtos perigosos, suicidas, resgates diversos em ambiente aquático, vertical, confinado, veicular; busca de pessoas perdidas (em matas, por exemplo), engasgamentos, choques elétricos, traumas (agressões, queimaduras, quedas, etc.)”, detalhou acrescentando. “As viaturas da corporação são equipadas para esse tipo de ocorrência, mas não temos o mesmo preparo de uma viatura com médicos ou enfermeiros”, concluiu.

Mauro Sérgio dos Santos
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