CapaPolítica

ELEIÇÕES 2022 – Visita de Bolsonaro pode mexer no tabuleiro político do Paraná

Vinda do presidente à Londrina e Bandeirantes neste fim de semana faz parte da estratégia para garantir a vitória no estado

Da redação

O presidente Jair Bolsonaro estará nas cidades de Londrina e Bandeirantes nesta sexta-feira e sábado (08 e 09) onde visitará a Expo-Londrina e o Santuário de São Miguel Arcanjo, um dos pontos de maior concentração religiosa do Paraná.

Inicialmente a previsão era de que a comitiva presidencial pernoitaria no Tayayá Aqua Resort, em Ribeirão Claro, seguindo de helicóptero para o Aeroporto de Andirá e, de lá, Jair Bolsonaro lideraria uma motociata até o Santuário de Bandeirantes. Porém, o itinerário foi alterado, com o presidente desembarcando em Londrina na noite desta sexta-feira e na manhã de sábado em Bandeirantes.

Bastidores da política
Por trás desta visita está em jogo o tabuleiro político paranaense. O comportamento enviesado do governador Ratinho Junior (PSD), postando-se como um adolescente que se acha o melhor enxadrista, pode levar à ruína o sonho da reeleição, principalmente depois que um outro “garoto” da política, o deputado Filipe Barros (PL), resolveu desafiá-lo.

Nesta visita, a presença do Ratinho Pai é indicativo de que nem tudo são estrelas em céu azul na vida de Ratinho Junior. Fosse assim, porque deixaram Filipe Barros mais uma vez de foda da última pesquisa eleitoral? O jovenzinho governador sabe que o reconhecido apoio de Bolsonaro ao deputado londrinense, leva a disputa para a segundo turno. Neste cenário, o buraco é mais embaixo.

Não duvidem se desta fusão de agronegócio com religião, surja uma chapa Ratinho Junior/Filipe Barros, com o governador podendo indicar o nome pro Senado e aí, acreditem, aparece o ex-secretário da Saúde, Beto Preto, um dos nomes mais proeminente da gestão atual paranaense. Mas, é o Guto Silva? Bem, ele é um ótimo nome à reeleição à Assembleia Legislativa!

Indicativos
Mas, a história para chegar a este ponto tem muitos desdobramentos. A recente vinda do petista Luiz Lula da Silva para prestigiar a filiação de Roberto Requião no PT para disputar o governo do Paraná, mesmo após a traumática saída do aposentado ex-senador da direção do MDB estadual e o apoio do partido à reeleição de Ratinho Junior (PSD), não diminuiu os ânimos do presidente Jair Bolsonaro (PL) que vem a Londrina e Bandeirantes neste fim de semana pelas mãos do deputado federal Filipe Barros, em agendas públicas de grande exposição popular.

Lula participou de convescotes partidários em hotel de luxo de Curitiba e de evento reduzido em acampamento do Movimento Sem Terra (MST) em Londrina, sem nenhuma coletiva de imprensa ou recepção de público, somente encontro no pé do jatinho alugado pelo PT e que levou o ex-presidente da capital para Londrina em março.

Já Bolsonaro virá prestigiar a Exposição Agrícola e Industrial de Londrina e pernoitará na cidade para, no sábado, deslocar-se até o Santuário de São Miguel Arcanjo, em Bandeirantes, onde participará de Missa ao lado dos milhares de peregrinos que lá estarão.

A diferença de agenda proposta por Filipe Barros a Jair Bolsonaro mostra o papel de articulador privilegiado do deputado londrinense nesta campanha eleitoral que se avizinha, já que atendeu aos reclamos do Planalto pela distância regulamentar que o governador Ratinho Junior (PSD) mantinha das candidaturas presidenciais de Sergio Moro, Jair Bolsonaro e Lula da Silva, além do protocolar ex-candidato presidencial Rodrigo Pacheco, do PSD, pretendendo com isso cativar a todos os matizes ideológicos dizendo que era um governador paroquial acima de qualquer disputa nacional.

Filipe Barros, nesta Tribuna, foi o primeiro a se levantar e reclamar da postura do atual governador, e se dispôs a ser pré-candidato de Bolsonaro no Paraná garantindo o palanque de reeleição ao mais votado em 2018 no estado que tradicionalmente – desde 1989 – nunca dá ao PT a vitória em eleições gerais e presidenciais.

A ida de Filipe ao Partido Liberal (PL), em 31 de março, onde está inscrito Jair Bolsonaro, sua nomeação como vice líder na segunda-feira (4) e o anúncio da agenda que ele trabalhava para contrapor Lula no ambiente da agricultura paranaense com a vinda na Expo Londrina 2022, para sexta (8) e no Santuário religioso de Bandeirantes no sábado em missa campal, faz dele o maior contraponto a Ratinho Junior no Paraná.

Quer queira ou não, o atual governador não poderá dispensar a Filipe Barros o mesmo tratamento que deu aos deputados federais durante o mandato inteiro, alvo de reclamações contínuas pelo não atendimento da bancada federal paranaense em assuntos protocolares e políticos, resultando no desprestígio do ex-chefe da Casa Civil, Guto Silva, que reduziu a pó suas pretensões de ser candidato ao Senado pelo PSD e agora tentará retornar à Assembleia Legislativa do Paraná por Pato Branco e filiado ao PP da derrotada ex-governadora Maria Aparecida Cida Borghetti, em 2018.

A disputa eleitoral que se avizinha conta ainda com o ex aliado do Cidadania e ex prefeito de Guarapuava Cesar Silvestri, que deixou a base do governo Ratinho Junior e migrou inicialmente para o PODEMOS de Alvaro Dias e Sergio Moro, e logo em seguida para as hostes do PSDB, do ex governador Beto Richa, que anda magoado com o seu ex secretário de Desenvolvimento Urbano e o acusa de inaugurar somente as obras e serviços licitados e em andamento feitos nos dois mandatos de Richa, sem lhe dar o devido crédito.

A situação aparentemente tranquila para uma reeleição de Ratinho Junior no primeiro turno ainda não contempla a solução na disputa da única vaga ao Senado – Alvaro Dias à reeleição para seu quinto mandato ou a do deputado Paulo Martins, com apoio do apresentador de TV Ratinho e agora no PL de Jair Bolsonaro.

A saída de Sergio Moro enfraqueceu a repulsa dos bolsonaristas para um acordo branco com Alvaro Dias e consequentemente a disputa ao Senado ganha novos contornos para os próximos três meses.

A vaga de vice-governador que tanto assombra ao presidente da Fecomércio e do Sesc/Senac, Darci Piana, ocupando-a até dezembro próximo, está sendo disputada pelos partidos aliados ao PSD: União Brasil, MDB, PSC, PL e PP. Caberá a Ratinho Junior a escolha de agradar a Jair Bolsonaro ou não, escolhendo o pré candidato do PL, Filipe Barros, como seu candidato a vice e dando a Londrina, terra onde o atual governador não está entre os mais prestigiados como Beto Richa (pela história de seu pai José Richa) ou Alvaro Dias, que lá é campeão de votos.

Jair Bolsonaro e seus aliados contam com o peso da votação surpreendente em 2018 nos dois turnos em Londrina e Paraná, além de dar sinais de que seu pupilo Filipe Barros conta com o prestígio de ser o interlocutor para intervir em situações delicadas como o empresariado paranaense bolsonarista e que não vê no governador Ratinho Junior, o homem capaz de ser o elo com Brasília.

Coube a Filipe Barros organizar em Curitiba, no ínicio de março, um jantar com os protagonistas do empresariado paranaense, na residência de um prócer e respeitado self made man, que chamou ao seu lar os mais importantes representantes do capitalismo local, já que o deputado se fez presente ao lado de Eduardo Bolsonaro, filho dileto do presidente.

As recentes pesquisas do Paraná apontam que o segundo turno será uma realidade se Cesar Silvestri Filho avançar no eleitorado bolsonarista e do agronegócio (matéria prima de Guarapuava) ou se Filipe Barros receber o aval de Bolsonaro para disputar a eleição como seu palanque principal no Paraná.

Por isso, fiquemos atentos aos eventos de Bolsonaro no Paraná, onde lidera com folga, e seus desdobramentos após o próximo sábado.

Botão Voltar ao topo