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Em cada quiosque de lanche uma história de superação

Cinco entendidos de SAP foram ouvidos pela reportagem em meio ao seu ritmo de trabalho

Por Fábio Galhadi – Especial para Tribuna do Vale

Saborear um lanche no final da tarde ou início da noite, seja lá qual for o dia da semana, é muito prazeroso e a quantidade de pontos de vendas em Santo Antônio da Platina justifica a demanda considerável de consumidores que não abrem mão de saciar o apetite, renderem-se ao desejo de degustar um pão macio com ingredientes de qualidades.

Seja em pontos comerciais rotativos, em locais públicos ou adaptações em moradias, o que se leva em conta junto ao cliente é o quiosque oferecer um bom atendimento, menor tempo possível de entrega do pedido e especiarias excelentes. Quando tudo isso se soma o cliente curte o paladar, percebe o sabor com facilidade, degusta um lanche bem preparado que deixa no ar aquele gostinho de quero mais.

A reportagem visitou cinco quiosques no município platinense e, em cada abordagem, uma história diferente, a revelação de profissionais que enfrentaram e superaram desafios diversos e, hoje, são exemplos de persistência, trabalhando com dedicação extrema e, cada qual, criando sua identidade comercial e formando a sua clientela.

Darci Lanches – Entre os conhecidos fazedores de lanches em Santo Antônio da Platina está Darci Godoi, casado com Elenice Proença Godoi. O quiosque está localizado no pátio de um Posto de combustíveis na Rua Rui Barbosa a poucos metros da esquina com a Rua Dom Pedro II. No próximo dia cinco de maio Darci Lanches completará 24 anos de atividades naquele local.

Darci trabalhou por oito anos no Restaurante Platinão onde atendia em caixa, fazia serviços gerais, ajudava com salgados e às vezes arriscava como chapeiro quando precisava. “Trabalhei lá na época do senhor Adelino Neves. Eu era um funcionário que estava à disposição para o que precisasse”. Depois ele foi trabalhar como frentista no atual posto onde está localizado seu ponto comercial e, após três anos, resolveu abrir um quiosque e, lá se vão 23 anos de trabalho com muita dedicação, já que o ponto abre todos os dias da semana a partir das 18h, sem horário para fechar.

Aliás, o horário de atendimento é um fator que chama a atenção de Darci Lanches, principalmente nos saudosos tempos de movimentadas festas em Santo Antônio da Platina, como os bailes promovidos pela empresa produtora de eventos Luz de Lua, as atrativas Efapis e o aguardado Baile do Havaí da Upe Clube de Campo. “Eram festas que nos proporcionavam muitos clientes até altas horas”, disse Darci.

Foi uma destas festas tradicionais no município platinense que Darci recordou com muita satisfação e o maior desafio enfrentando pelo seu quiosque de lanches. “Época da Efapi e de baile no Luz de Lua a gente chegava a sair daqui 9 horas da manhã. Uma vez, o Baile do Hawai da Upe nos levou à superação. Abrimos às 18h e até 8 horas da manhã trabalhamos com dois chapeiros, duas pessoas atendendo nas mesas e outras duas auxiliando no quiosque, enfim, não tínhamos tempo sequer para tomar água. Calculamos na época, que naquela noite e madrugada do baile, que foram feitos 680 lanches. Da meia noite até o amanhecer, era um movimento incalculável”, recordou Darci com satisfação e um olhar vibrante. Nos dias atuais o cachorro quente especial, o X da moda e o big platinense são lanches bem requisitados no Darci Lanches.

Regina Lanches – Eva Regina Cândido, mais conhecida como a ‘Regina do Lanche’ está completando, hoje, quarta-feira, dia 6, 45 anos de atividades. Ela que tem cinco filhos, sete netos e três bisnetos, estava acompanhada – por ocasião da visita da reportagem do Jornal Tribuna do Vale – por uma das netas, a Nathally, de 10 anos de idade. Regina recordou que por oito anos esteve à frente de um quiosque na Rua Barão do Rio Branco, quase defronte onde funciona atualmente uma loja de doces. Ali, outros quiosques funcionavam à noite, na calçada do Colégio Ubaldino do Amaral; eram pontos comerciais de lanches muito procurados na época, quando os clientes até conseguiam parar os carros à frente dos pontos e de dentro deles faziam os pedidos.

Ela também teve um quiosque no calçadão da Matriz central, na esquina da Rua Marechal Deodoro com a Rua Coronel Joaquim Rodrigues do Prado, parte de baixo, na época na outra esquina funcionava uma agência bancária e, nos dias atuais, é uma sorveteria. Ela lembrou que naquela ocasião, muitos jovens do grupo religioso ‘Jovens Platinenses Unidos em Cristo’ (Jopuc) frequentavam seu ponto comercial que funcionou ali por 19 anos. Durante quatro anos Regina trabalhou em Santos (SP), retornando para SAP e, hoje, se sente feliz com o ponto do Calçadão onde está a 10 anos abrindo seis dias na semana – folga na terça-feira. Seu quiosque é aberto às 8h30 e fechando à noite. Durante o dia vende salgados e, no período noturno, os tradicionais e saborosos lanches.

Curiosidade – A cada oito anos Regina do lanche comemora aniversário natalício no Dia das Mães. Este ano, acontecerá esta coincidência e, quando isso ocorre, ela manda fazer um bolo e, os primeiros 40 clientes, recebem um pedaço da guloseima, além de uma rosa. “Já fiz isso em outras oportunidades e me sinto muito feliz. Gosto de comemorar o aniversário em família e, nestas ocasiões, com os clientes”, disse ela.

Ione Lanches – Também no Calçadão funciona o quiosque da Ione Ribeiro de Campos, que trabalha com sua irmã Irene Campos. Ione começou sua atividade com lanches em 1997, há 25 anos, com quiosque dentro da Praça Frei Cristóvão, de frente para a Igreja Matriz, onde permaneceu por 10 anos em atividade. No mandato do ex-prefeito Pedro Claro de Oliveira Neto, ela mudou de local e começou a atender também num dos quiosques do Calçadão e é uma referência do segmento por lá.

Ione Campos era Enfermeira, porém, com a separação no casamento, ela ficou com o quiosque de lanches que o ex-marido tinha montado, ele ficando com um carro e indo morar com os seus pais num município do Estado de São Paulo. “Quando separamos, eu não estava trabalhando na Enfermagem, me vi desempregada e com duas crianças pequenas para sustentar. Eu já tinha visto outras pessoas fazer lanches com mais detalhes, mas, nunca tinha feito. Comecei fazer e, graças a Deus, deu tudo certo, até hoje”, disse ela, acrescentando: “Meu objetivo desde o começo era criar bem minhas filhas e formar elas em uma profissão. Hoje me sinto realizada quanto a isso, mas, também há um Pai que sempre esteve comigo, que através da minha fé, me abençoou, que é Deus”. Uma das filhas se formou em Ciências Contábeis; e, a outra, em Arquitetura e Interiores. O quiosque da Ione e Irene também é uma referência no segmento nas noites platinenses.

Mais Ki Donald – No Jardim Oliveira Reis, próximo ao Jardim Murakami, está com quiosque à frente de sua casa, a comerciante Cleusa Nunes de Castro. Ela começou a atividade profissional com lanches, no antigo Bar Liz, do Jair, que funcionou na esquina das Ruas Rio Branco com Marechal Deodoro, onde hoje está uma loja de calçados.

Depois foi trabalhar na tradicional Lanchonete Chopão, do Biné, (Claudine Biebengute) onde ficou por 21 anos na cozinha fazendo lanches e porções das mais variadas. Em seguida, abriu seu quiosque ao redor da Praça Central, no que é hoje estacionamento, defronte à saudosa Casa dos Retalhos, na Rua Coronel Joaquim Rodrigues do Prado, em frente onde está atualmente uma loja de calçados.

O nome do quiosque da Dona Cleusa foi escolhido pela filha dela, a Josiane, que definiu como ‘Mais Ki Donald’, uma alusão ao famoso McDonald’s Corporation que é considerada a maior cadeia mundial de restaurantes de fast food de hambúrguer, presente em 119 países através de 37 mil pontos de venda, com sede nos Estados Unidos, tendo começado a funcionar em 1940, por meio de uma churrascaria.

O ponto comercial da Cleusa também funcionou por sete anos em um quiosque do Calçadão. Em seguida, foi para o ponto atual, atrás da loja Bordignon, na Rua Dário Fonseca Martins, onde está já há 15 anos. O quiosque ‘Mais Ki Donald’ atende de segunda-feira a domingo, todos os dias da semana, abrindo por volta das 14h30 e atendendo até 00h30. Cleusa Castro informou que a média de lanches vendidos nos finais de semana, sábado e domingo, chega a 150 e, durante a semana, entre 80 e 100 lanches, sendo que o mais pedido é o cachorro quente especial. Outro lanche que os clientes pedem muito é o X-Tudo no prato e, ainda tem o Omelete que, segundo ela, é diferenciado e a receita é exclusiva.

Trabalha com a Cleusa o seu filho Alessandro Nunes da Silva. Ele tem 38 anos e desde os 11 anos já começou a se arriscar nos lanches e, atualmente, é o braço direito de sua mãe, tomando a frente nos afazeres da chapa. “Há clientes que conheceram meus lanches na época do Chopão e, alguns estão até hoje comprando lanche com a gente”. E acrescentou: “Há também muitos jovens que pedem do nosso lanche e voltam depois, porque gostaram bastante da qualidade. Aliás, somos muito atentos a isso, tanto é que pegamos os pães da Praliné que são considerados como um dos melhores da Cidade, então, todos os nossos ingredientes são de categoria. Digo sempre, se você não oferece um produto de qualidade, você não tem venda”.

Nata Lanches – Outro ponto de comercialização de lanches num dos 10 quiosques do Calçadão Manoel Arrabaça é do Natanael Miguel Alves, ou simplesmente, o Nata. Os outros setes quiosques estão fechados e Natanael acredita que a Prefeitura poderia mobilizar uma forma mais atrativa para atrair outros interessados em comercializar seus produtos ali. Nata Lanches está em atividades há 34 anos, tendo começado em 1988. Por cerca de oito anos ele teve um quiosque na esquina das Ruas Barão do Rio Branco e Marechal Deodoro, no atual calçadão, onde na época funcionava na esquina uma agência bancária e, hoje, há uma farmácia. Depois mudou mais para frente na Rua Rio Branco, na calçada do Colégio Ubaldino, onde permaneceu por 10 anos.

Ele lembra que eram 10 quiosques e as vendas eram boas. “Mas, infelizmente, por acharem que os quiosques incomodavam ali, tivemos que nos virar em procurar outros locais, já na administração do ex-prefeito Flávio Maiorky. Montei o quiosque na esquina da Praça da Matriz, entre as Ruas 24 de Maio e Rui Barbosa, de frente para um açougue na esquina onde está hoje uma farmácia, ficando por quatro anos mais ou menos e, de lá, vim pra cá em 2009, onde estou já caminhando para 13 anos. Nata Lanches atende das 17h às 23h nas terças, quartas, sextas-feiras, sábados e domingos. Natanael disse que, através de carnê da Prefeitura, paga uma mensalidade no valor de R$ 280. Além disso, luz e água que giram em torno de R$ 170 reais. “Lamento que ainda não estão disponíveis os banheiros da esquina do calçadão, pois as pessoas precisam”, ressaltou. Segundo ele, antes da pandemia o movimento já vinha sendo menor pela crise econômica e, com o Covid-19, piorou e, agora, aos poucos, os clientes estão voltando, porque estão saindo mais à noite. Nata vende em seu quiosque cachorro quente simples e completo, x-salada, x-calabresa, x-bacon, pastéis, coxinhas, enroladinhos de salsicha e refrigerantes e frita pastel na hora. O quiosque do Nata também recebe através de pix, cartão de crédito e débito. Natanael mora no Jardim Saúde e, em 22 de dezembro próximo estará completando 65 anos de idade e 35 anos de contribuição do INSS e disse que a aposentadoria vem pela frente e está pensando em encerrar as atividades em breve.

Outras realidades – Ao longo da história de SAP outros quiosques, hoje ocupando espaço fixo, também fizeram história como é o caso do Trailer Lanches do Moisés que funcionou na esquina da Avenida Oliveira Mota com a Rua José Bonifácio, próximo ao semáforo e atualmente está na Rua 7 de Setembro. A Noemi Lanches que está em funcionamento na Rua Marechal Deodoro em frente à Sanepar e que por muitos anos teve quiosque na esquina de cima da Praça da Matriz central, Ruas Marechal Deodoro e 24 de Maio também é uma batalhadora da área. Há ainda a Toca Lanches em destaque na cidade, sem contar outros pontos fixos de lanches que estão atraindo muitos clientes.

Chopão Pub – Além destes quiosques citados há muitos outros em funcionamento por bairros pela Cidade. Já, com relação aos pontos fixos, e que atraem muitos clientes, há o tradicional e bem montado Chopão Pub, do Miguel Carlos Biebengute que atende na Rua Munhoz da Rocha, porém, por muitos anos, ocupou um espaço maior na esquina das Ruas Marechal Deodoro e Munhoz das Rocha. O Chopão Pub se destaca pela qualidade dos lanches e porções e, um dos carros chefes do local é o chopp especial geladinho e irresistível.

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