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Indústria abre novas vagas em fevereiro, mas ritmo de contratações diminui

Setores de confecções, automotivo, fabricação de produtos de metal, alimentos e madeira foram os que mais contrataram no Paraná

Confecções e vestuário permanece entre os líderes no ranking de empregos na indústria do Paraná pelo segundo mês consecutivo (Foto: Gelson Bampi)

Imprensa Fiep

O saldo dos empregos formais, com carteira assinada, no setor industrial do Paraná, ficou positivo em fevereiro, com abertura de 3.264 novos postos de trabalho. Segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados divulgados hoje (29/3) pelo Ministério do Trabalho, o segmento foi o segundo que mais criou oportunidades, atrás apenas de serviços, com 19.709 contratações no mês. Comércio (2.596), construção civil (1.518) e agricultura (1.419) completam a lista.

Apesar de números favoráveis, a indústria reduziu em 47% o ritmo de admissões em relação a janeiro e, em 65%, na comparação com fevereiro de 2021. Nos últimos 12 meses, o saldo cumulativo no mercado de trabalho industrial é de 35.600 empregos. Positivo, mas 14% abaixo do valor registrado no mesmo intervalo medido no mês passado (entre fevereiro de 2021 a janeiro de 2022), quando o resultado era de 41.603 postos abertos.

Com este resultado, o Paraná foi o quinto estado do país que mais gerou empregos na indústria, caindo uma posição no ranking em relação à pesquisa de janeiro, quando foi quarto colocado. O Brasil abriu 43 mil vagas no setor em fevereiro. O Rio Grande do Sul puxou o crescimento com 13.196 admissões, seguido por São Paulo (10.451), Santa Catarina (7.079) e Minas Gerais (6.930).

Uma das explicações está atrelada à desaceleração da produção nas fábricas, segundo o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Thiago Quadros. “Em janeiro, a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou queda de 3,7% contra janeiro de 2021, e de 5,1% contra o mês anterior (dezembro)”, pontua. De acordo com ele, a atividade vem desacelerando desde o quarto trimestre do ano passado. “Em parte devido à maior pressão nos custos de produção como insumos e matérias-primas mais caros no mercado internacional e à alta nos preços do gás, da energia elétrica e dos combustíveis”, comenta.

Com uma margem menor de lucro, o empresário repensa seu planejamento e segura as contratações. “O reflexo do aumento de custos no mercado de trabalho é uma reação normal. A indústria continua gerando empregos, não houve um recuo, mas essa desaceleração no ritmo é um sinal de atenção para os próximos meses”, completa.

O economista pondera que a partir de agora é preciso avaliar outros indicadores que podem interferir na geração de novas vagas no setor industrial e que não se refletiram ainda na pesquisa deste mês. Os dados do Novo Caged são referentes a fevereiro e a guerra envolvendo Rússia e Ucrânia eclodiu já no fim do mês passado. “O impacto de como a indústria deve se comportar com o preço mais alto de alguns insumos que são fornecidos por países envolvidos no conflito e como fica a atividade de comércio internacional após as sanções impostas à Rússia não foram sentidos ainda”, avalia Quadros.

Setores industriais e municípios

Das 24 áreas pesquisadas pelo Novo Caged na indústria de transformação, três tiveram desempenho abaixo do esperado. Foi o caso do setor moveleiro, que fechou 291 vagas, seguido de perto por manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-183) e fabricação equipamentos de transporte (-67). Entre os de melhor performance no mês destacam-se confecções e artigos do vestuário, com 706 novos postos de trabalho. A atividade permanece entre os líderes no ranking de empregos na indústria do Paraná pelo segundo mês consecutivo. Na sequência, vêm o setor automotivo, com 539 novas contratações, seguido por fabricação de produtos de metal (333), alimentos (321) e madeira (310).

São José dos Pinhais, grande polo automotivo do estado, foi o campeão de contratações no mês, abriu 206 vagas. Na sequência, Medianeira, município do Oeste do Paraná, onde a principal atividade está ligada ao agronegócio, principalmente à produção de alimentos, foram 204 novas contratações. Toledo, na mesma região, gerou 203; seguida por Apucarana (201), forte no setor de confecções e maior fabricante de bonés do país; e Maringá (176). Londrina ficou na oitava posição e Curitiba apenas na 19ª entre as cidades paranaenses que mais geraram empregos na indústria em fevereiro.

Os próximos meses serão ainda mais desafiadores não só para a indústria, mas para a economia do país, estima o economista. Além dos impactos diretos e indiretos da Guerra na Ucrânia no mundo, o Brasil precisa solucionar alguns gargalos que impactam no mercado de trabalho. “Os dados da última PNAD mostram que a taxa de desemprego vem caindo no Brasil, mas o ritmo é muito maior entre as ocupações informais do que em relação às com carteira assinada”, pondera o economista da Fiep.

O nível atual de pessoas trabalhando já retomou os patamares anteriores à pandemia da Covid 19. Porém, os salários ainda permanecem com valores mais baixos. “Com renda menor, o poder de compra dos brasileiros é menor. Some-se a isso a inflação elevada. Tudo afeta o consumo das famílias e a economia. Sem garantia da venda de produtos no comércio, o industrial freia a produção nas fábricas e isso atinge toda a cadeia. O momento pré-eleitoral incerto também pode inibir a confiança do empresário e se refletir no mercado de trabalho nos próximos meses”, conclui Thiago Quadros.

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