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Sobre criar doenças em laboratório

Mario Eugenio Saturno*

O desenvolvimento de armas biológicas ou químicas já foram proibidas pelas grandes potências há quase cem anos, uma decisão que se estende a todos e infringir esse consenso é declarar guerra. O Iraque fabricou e usou armas químicas contra o Irã, mas na primeira oportunidade, Estados Unidos e Europa atacaram o país e derrubaram Saddam Hussein.

Porém, para o uso pacífico de estudo de vírus e bactérias que produzem doenças, podem ser geneticamente alterados em laboratório de forma a torná-los mais perigosos, mais letais e mais contagiosos. E há cientistas que julgam ser trabalho sério para entender melhor…

Não se pode esquecer das teorias de conspiração que, inclusive, alimentaram os hostes bolsonaristas, bastante conhecidos pela cegueira intelectiva causada pela paixonite ideológica. A pandemia causada pelo coronavírus foi apontada como doença criada em laboratório, mas mais de 150 virologistas assinaram um manifesto que diz que todas as evidências até o momento indicam que essa pandemia começou naturalmente e não foi resultado de algum tipo de acidente de laboratório ou ataque malicioso.

Eles temem que a especulação contínua sobre um laboratório na China esteja alimentando pedidos por mais regulamentação de experimentos com patógenos e que isso sufoque a pesquisa básica necessária para se preparar para futuras pandemias. Conforme uma matéria da National Public Radio, uma rádio pública estadunidense sem fins lucrativos.

Nos Estados Unidos da América, conselheiros do governo endossaram recomendações que pedem mais restrições na avaliação dos riscos e dos benefícios de experimentos que podem alterar potenciais patógenos pandêmicos de maneira a torná-los mais perigosos.

Seus conselhos agora serão considerados por funcionários de várias agências e grupos em todo o governo que desejam avaliar, incluindo o Escritório de Política Científica e Tecnológica da Casa Branca (White House Office of Science and Technology Policy) e o Conselho de Segurança Nacional (National Security Council).

E tudo começou em 2011 quando pesquisadores financiados pelo governo alteraram um vírus da gripe aviária que pode ser mortal para as pessoas, tornando esse vírus mais contagioso nos animais de laboratório, que substituem as pessoas nos estudos.

Os críticos disseram que eles criaram uma supergripe. Os proponentes disseram que os vírus às vezes precisam ser manipulados em laboratório para ver do que são capazes; afinal, na natureza, mutações ocorrem o tempo todo e é assim que surgem as cepas pandêmicas.

Esse episódio iniciou um longo debate que culminou em novos regulamentos em 2017, um sistema de revisão para avaliar os riscos e benefícios dos estudos que podem piorar ainda mais um possível patógeno pandêmico.

A pesquisa básica sobre vírus foi o que levou ao rápido desenvolvimento de vacinas e medicamentos para combater a pandemia. No entanto, os virologistas observaram consternados como a desinformação e as teorias da conspiração colocaram a culpa na ciência. Acredite na Ciência e não em malucos que dizem que os bilionários querem o extermínio de 6,5 bilhões de seres humanos.

*Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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