Cidades

Cuidemos do nosso maior tesouro

Padre David Francisquini

Imaginemos que um chefe de família ficasse sabendo que um ladrão planeja entrar em sua casa. Que precauções deveria ele tomar? Continuar a pensar que nada acontecerá, ou ficar vigilante as 24 horas do dia? Claro, ficar vigilante. Com efeito, esta é a questão paradigmática posta pelo Divino Mestre nas páginas dos Santos Evangelhos.

Se a vigilância é necessária para defender bens materiais, com muito mais razão deve ser ela exercida – com todos os meios legais à sua disposição – para prevenir qualquer urdidura contra a Casa de Deus, o santuário do Deus vivo, conforme São Paulo.

Sendo nosso corpo templo do Espírito Santo, devemos ser ainda muito mais zelosos em defendê-lo. E a maneira mais perfeita de o fazer é identificar de antemão o ladrão, denunciá-lo, criar todo tipo de impedimento para que ele sequer se aproxime de nós.

Muitas pessoas há que se dizem católicas, possuidoras de uma conduta irrepreensível aos olhos de observadores menos argutos, mas que tudo fazem para arrombar e roubar os tesouros de Deus nas almas verdadeiramente fiéis.

Sobre esses agentes satânicos, já alertava o Apóstolo (Tim 3, 5), ou ainda aqueles que Nosso Senhor mesmo descreveu quando dizia: “Virão a vós revestidos de peles de ovelhas, e serão lobos carniceiros” (Mt. 7, 15).

Tais pessoas costumam deixar tristes e dolorosas recordações por onde passam, por serem perturbadoras da boa ordem estabelecida por Deus. Inimigos da Cruz de Cristo, elas semeiam discórdias, mentiras e cismas, a fim de golpear a unidade católica. Hábil no uso de palavras nocivas, são como flechas envenenadas arremessadas com destreza.

Afinal, que inimigo é esse? Os Livros Sagrados nos advertem que tempo viria em que as pessoas não suportariam mais a sã doutrina, mas se entregariam a ouvir fábulas; em lugar de verdadeiros mestres procurariam mestres conforme às suas paixões, e, assim, afastariam os ouvidos da verdade. (Cfr.II Tim. 4, 3-4).

Mas isso acontece nos presentes dias?  Na realidade, a inimizade entre os filhos da luz e os filhos das trevas é eterna, mas pode ser mais premente em determinados períodos históricos, como acontece em nossos dias. Esta terrível realidade exige de nós um espírito aberto para aceitar os tesouros doutrinários da Igreja, e uma inflexível confiança na sua indefectibilidade.

São João nos aconselha a tomar distância desses inimigos, não os receber em nossas casas, nem mesmo saudá-los, pois quem os saúda participa das suas más obras, e ipso facto comete pecado, tornando-se filho de satanás (cfr. II Jo 9, 11 e I Jo 3, 8).

Pessoas perniciosas introduziram-se hoje entre nós. Elas tudo fazem para eliminar de nossas almas o nome de Deus e de sua Santa Igreja, prometendo o que não têm e nunca terão, ou seja, uma pretensa felicidade sem Deus, como já alertava o profeta Isaías:

Ó meu povo, teus dirigentes te desencaminham e devastam a via que segues” (Is. 3, 13). Mas todo desvario traz amargas consequências. Por isto, esses que alimentam o falso desejo e trabalham com a intenção de construir uma civilização de bem-estar sem Deus, encontrarão inexoravelmente a ruína mais completa no tempo e na eternidade.

Somente unidos a Nosso Senhor Jesus Cristo encontraremos a felicidade neste mundo. Na Encíclica Pascendi Dominici Gregis, São Pio X, o grande Papa antimodernista do século passado, denunciou a infiltração dos inimigos na Santa Igreja, demonstrando que os fautores do erro já não devem ser procurados entre os inimigos declarados, pois eles se ocultam no próprio seio da Igreja.

Por demais doloroso que seja reconhecer que a relação dos membros da hierarquia eclesiástica com os fiéis não são atualmente as mais desejáveis – em larga medida por causa de escândalos de pessoas consagradas –, assiste aos fiéis o legítimo direito de se manifestarem respeitosamente em defesa da causa católica.

Os meios católicos estão há várias décadas infiltrados por lobos travestidos de ovelhas visando estraçalhar o rebanho de Cristo. Mas Deus sempre suscitou entre os católicos espíritos vigilantes, corajosos e militantes que defendessem os princípios cristãos diante de ensinamentos errôneos que foram grassando no seio da santa Igreja ao longo da História. O exemplo mais recente e paradigmático foi o grande Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

Se um chefe de família, no afã de proteger seus bens materiais, deve ser prudente e criterioso, para afastar os lobos que visam saquear o rebanho de Cristo, devemos ser corajosos e combatentes.

Façamos a nossa parte. Lutemos até o último hausto de nossas vidas, e Deus nos dará a vitória por meio de sua e nossa Mãe Santíssima. E, como prêmio, prometeu-nos uma recompensa demasiadamente grande.

*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ

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