CÂMERA
Até o início de 2026, serão instaladas 1.500 novas câmeras inteligentes adquiridas pelo Estado, com entregas mensais cerca de 300 unidades. O plano completo de governo, porém, prevê a expansão para 26.500 câmeras nos próximos anos – sendo 20 mil compradas pelos municípios com recursos estaduais e outras 5 mil já em operação pela Secretaria de Estado da Segurança Pública.
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Foto: Jonathan Campos/AEN
O governador Carlos Massa Ratinho Junior lançou nesta quarta-feira (10), em Curitiba, a nova etapa do Programa Olho Vivo, que marca o início da integração de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) ao sistema estadual de videomonitoramento. Com um investimento de R$ 400 milhões, a ampliação representa um salto na capacidade de investigação e combate a ocorrências criminais, permitindo o cruzamento de dados em tempo real, a emissão automática de alertas e a identificação mais rápida de suspeitos, veículos furtados ou roubados e pessoas desaparecidas.
Nesta etapa, o Olho Vivo inaugura um modelo de investigação assistida, no qual as câmeras deixam de depender exclusivamente do monitoramento humano. A partir da integração de sistemas inteligentes, será possível pesquisar características específicas de pessoas e veículos, rastrear rotas, consolidar informações de diversos pontos e emitir alertas automáticos às forças de segurança. Um projeto-piloto está em teste em Almirante Tamandaré desde agosto e agora será expandido para todas as 399 cidades.
Segundo Ratinho Junior, a ampliação do Olho Vivo reforça a estratégia de modernização da segurança pública, alinhada à queda dos indicadores de violência nos últimos anos. “Essa tecnologia permite identificar suspeitos e situações em segundos, mesmo quando não há informação completa sobre o autor do delito, garantindo respostas mais rápidas e precisas”, afirmou.
Fase atual
O governador também lembrou que a fase atual aproveita os bons resultados obtidos no projeto piloto e em convênios já firmados em diversas regiões. “O Estado reorganizou sua estrutura, modernizou equipamentos e fortaleceu a Polícia Civil, Militar, Penal e Científica, o que tem resultado em mais eficiência e maior capacidade de solução de crimes, fazendo com que o Paraná atingisse os menores índices de criminalidade das últimas duas décadas”, completou.
Até o início de 2026, serão instaladas 1.500 novas câmeras inteligentes adquiridas pelo Estado, com entregas mensais cerca de 300 unidades. O plano completo de governo, porém, prevê a expansão para 26.500 câmeras nos próximos anos – sendo 20 mil compradas pelos municípios com recursos estaduais e outras 5 mil já em operação pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Com isso, o Paraná se tornará o estado com o maior e mais avançado sistema de videomonitoramento por inteligência artificial do País.
Para o secretário das Cidades, Guto Silva, que participou da elaboração da nova etapa do Olho Vivo, a iniciativa representa um salto tecnológico que amplia a capacidade de antecipação de riscos nos territórios municipais. “Esse modelo não apenas reconhece placas e rostos, mas identifica comportamentos fora da normalidade, permitindo que as forças policiais ajam antes que o crime aconteça”, comentou. Ele destacou que a adesão das prefeituras será feita com recursos estaduais destinados à compra dos equipamentos e à conexão dos sistemas locais à plataforma central.
Sesp
O programa é coordenado de forma integrada pela Secretaria da Segurança Pública (Sesp), Secretaria das Cidades (Secid) e a Superintendência-Geral de Governança de Serviços e Dados (SGSD). A arquitetura tecnológica foi desenvolvida pela SGSD a partir de sistemas que seguem padrões internacionais de segurança da informação, estando preparada para operar em grande escala.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, a tecnologia não substitui o trabalho dos agentes, mas expande significativamente a capacidade de monitoramento. Ele também enfatizou que a integração da rede estadual e municipais é um diferencial do Paraná. “A IA vem para somar ao agilizar o cercamento digital, mas o policial continua sendo fundamental”, defendeu.
Tecnologia
Com a ampliação, o Paraná passa a adotar tecnologias semelhantes às usadas no Reino Unido, Singapura e Estados Unidos, com sistemas capazes de consolidar grandes volumes de dados e apoiar a tomada de decisão em tempo real. Para além do amplo alcance, a solução paranaense também é uma referência por agregar governança, conectividade e proteção aos dados, conforme determinado pela Lei Geral de Proteção aos Dados Pessoais (LGPD).
INVESTIMENTOS NOS MUNICÍPIOS – O modelo de contratação prevê repasses a fundo perdido, via Secid, para que os municípios comprem as câmeras dentro das especificações técnicas estabelecidas pelo Estado, além da cessão dos softwares que garantem a integração completa da rede.
Os municípios participarão da expansão mediante manifestação de interesse à Sesp, devidamente justificado a partir da realidade local, com auxílio dos órgãos estaduais. A Sesp definirá o número ideal de câmeras por cidade, levando em conta indicadores de criminalidade, fluxo de pessoas e áreas estratégicas, além de participar da definição dos pontos de instalação por meio das forças policiais locais e regionais.
Além das áreas urbanas, as câmeras também serão instaladas em rodovias devido ao sistema de reconhecimento de pessoas e placas, o que permitirá mais efetividade na busca e recuperação de veículos, criminosos com mandados de prisão em aberto e busca ativa de pessoas desaparecidas. A SGSD será responsável por integrar tecnologicamente os equipamentos à plataforma central, fornecida em uma parceria do Governo do Estado com a Google. O programa também contempla capacitação das equipes que irão operar o sistema.
O superintendente-geral de Governança de Serviços e Dados, Leandro Moura, explicou que a segunda etapa do Olho Vivo inaugura um modelo de investigação assistida baseado em parametrização e treinamento de algoritmos. “A ferramenta passa a investigar sozinha e gerar alertas automáticos, permitindo que o policial aja com mais rapidez e precisão”, disse.
As imagens captadas ficarão armazenadas por 90 dias, com possibilidade de ampliação conforme critérios legais e de investigação. Em fases futuras, o sistema também permitirá o monitoramento de agressores de mulheres e de pessoas com tornozeleira eletrônica.
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