Psicóloga Vívian Cury
Geralmente costumamos pensar que se fizermos muitas coisas, sermos produtivos, atingiremos o sucesso e a felicidade. O ser humano tem a tendência de associar o fazer, o ter, com o ser. Só que ás vezes não percebemos que os “vazios do ser”, não podem ser preenchidos com o ter. É comum vermos pessoas fortunadas, mas que não são necessariamente felizes de fato. Inclusive esses pensamentos são transgeracionais do mindset, principalmente no âmbito financeiro.
Temos dois hemisférios em nosso cérebro, sendo que o hemisfério esquerdo controla as funções verbais como a linguagem, pensamento e a memória. Ele gosta do familiar, do racional, do controlável e do previsível. O hemisfério direito, é considerado artístico, é relacionado às sensações, emoções, observação e interpretação do mundo ao nosso redor. Ele gosta da aventura, da novidade, e de descobertas. Nossa sociedade atualmente tende a supervaloriza o hemisfério esquerdo e subvaloriza o direito e depois, paradoxalmente, falamos da importância de “pensar fora da caixa”.
Para conseguirmos obter a felicidade que procuramos, teremos que aprender a integrar os dois hemisférios, porque ambos são igualmente necessários. Para conseguirmos isso, precisamos superar e reconstruir nossa noção do que é possível e do que não é. A razão apenas tenta ajustar a realidade ao que ela é capaz de compreender. Por isso precisamos, por um lado, de humildade para reconhecer que não sabemos e, por outro, alimentarmos a curiosidade do saber. Assim saberemos julgar menos e perguntar e escutar mais.
Precisamos também nos afastar do incessante ruído mental que nos angustia. Para isso, precisamos entrar em contato com o silêncio e a quietude mental que emergem nossas mais profundas intuições. Quando a mente ligada ao hemisfério esquerdo de nosso cérebro renuncia a fazer e se deixa fazer, algo mágico acontece. Dessa forma, nossas duas mentes, a que está ligada ao hemisfério esquerdo do cérebro e a que está unida ao direito entram em sincronia dando lugar ao que se conhece como consciência unificada ou “despertar”. É como se tivéssemos vivido toda a nossa vida presos em uma prisão invisível, achando que essa era a única realidade existente e agora descobríssemos que existe outra realidade muito mais rica e interessante fora dela. É isso que significa recuperar nossa liberdade criativa, em deixar de nos identificar com o ter e começar a nos reconhecer na luz do ser.