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Caso Jundiaí do Sul Recurso sobre julgamento de PMs deverá ser decidido no TJ-PR

Ministério Público recorre de decisão de juiz de Ribeirão do Pinhal que livrou policiais de tribunal do júri

Da Redação

Depois de seis longos anos de angustiante espera, completados no mês de setembro do ano passado, a tragédia que se abateu sobre quatro famílias de Jundiaí do Sul, Norte Pioneiro do Paraná, continua indefinida. O Ministério Público da comarca de Ribeirão do Pinhal recorreu da decisão do juiz Júlio Cesar Vicentini, que não acatou denúncia contra nove policiais militares acusados de uma chacina contra quatro jovens, três dos quais morreram no local e um quarto ficou com graves sequelas das balas disparadas pelos PMs.

A Promotoria de Justiça recorreu da decisão do juiz, mas este, antes de julgar, foi transferido para a comarca de Ibaiti, cabendo à nova juíza de Ribeirão do Pinhal, Marcela de Lourdes de Oliveira Pinheiro, das um desfecho ao caso. Se a sentença acompanhar o mesmo julgamento do magistrado anterior, o recurso será encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR), que terá a responsabilidade de decidir se o policiais serão julgados pelo Tribunal do Júri.

Longa agonia
O Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR), depois de exaustivas e silenciosas investigações sob comando do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apresentou no ano passado relatório ao Poder Judiciário da Comarca de Ribeirão do Pinhal, denunciando nove policiais militares lotados no 2º BPM com sede em Jacarezinho, participantes de uma operação que resultou em três mortes e um ferido gravemente.

O caso teve grande repercussão por envolver quatro jovens, três deles sem qualquer passagem pela polícia, que retornavam de Curitiba, onde trabalhavam, para visitar parentes residentes em Jundiaí do Sul.

Era noite de sábado, dia 24 de setembro de 2016, quando, ao aproximarem da cidade os jovens se depararam com viaturas da PM obstruindo a passagem na rodovia, na frente das quais estavam 12 policiais sob o comando do Coronel Antônio Carlos de Morais e, sem qualquer chance de defesa, foram recepcionados sob uma saraivada de balas que matou três rapazes na hora e um quarto, gravemente ferido, levado ao hospital Nossa Senhora da Saúde, em Santo Antônio da Platina, sendo o único sobrevivente, mas com graves e irreversíveis sequelas.

Com base no relatório do Gaeco MPPR denunciou nove dois 12 policiais militares que poderão ser julgados pelo Tribunal do Júri caso da Justiça concorde com a proposição da promotoria.

O primeiro dos acusados é o coronel da reserva, Antônio Carlos de Morais, seguido de Aníbal Pires do Amaral Neto, Carlos Augusto Facco, Patrick de Carvalho Arantes, José Henrique da Silva, Thiago Souza da Rosa, Anderson Mario de Souza, Diego Rodrigo dos Santos de Lima e Gilmar José Elias do Prado

Tragédia anunciada
Eram três garotos cheios de sonhos. Todos tinham como profissão a mecânica de automóveis e mudaram-se da pequena Jundiaí do Sul, no Norte Pioneiro do Paraná, para Curitiba, em busca de alargar o horizonte profissional.

Decidiram na tarde daquele sábado (24 de setembro de 2016), matar a saudade de suas famílias e curtir o clima festivo de uma eleição municipal agitada.

Bruno Henrique Santana Conde, 25 anos, Júlio Cesar Francisco Correa, 23 anos e Danilo Moraes de Pontes, 28 anos, eram garotos normais, sem nunca terem passagem pela polícia. Um quarto ocupante do carro, Claudinei Pereira da Silva, 25 anos, que pediu carona momentos antes do início da viagem, não fazia parte do rol de amizades dos garotos.

O pai de uma das vítimas conta que os três rapazes de Jundiaí do Sul apenas conheciam Claudinei, natural de Ribeirão do Pinhal, cidade vizinha e sede da comarca, mas sem detalhes de sua vida pessoal. “Se soubessem que Claudinei era foragido da polícia por conta de ameaças contra um policial militar de Ribeirão do Pinhal, através de uma postagem feita em redes sociais, seguramente não teriam dado carona ao rapaz”, conta o pai.

Claudinei Pereira entrou na lista de procurados pela polícia depois que apareceu na internet portando uma pistola e fazendo ameaças a um PM. Ali estava decretada sua pena de morte e, com ele, levou dois garotos inocentes e deixou outro com sequelas graves que irão acompanhá-lo pelo resto da vida.

Revoltado, o pai de Danilo Pontes, único sobrevivente, o cabo aposentado da PM, Antônio Pontes, o Tunicão como é mais conhecido, teve sua vida virada do avesso desde a tragédia. “Mesmo depois de tantos anos e da investigação concluída, as coisas continuam sem definição”, lamenta

“Hoje tenho um filho traumatizado, com sequelas dos 22 tiros que recebeu pelo corpo. O braço direito foi destroçado por uma bala que lhe tirou os movimentos para o resto da vida”, assinalou

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