Dados obtidos pela Tribuna do Vale apontam que 24 dos 32 pacientes internados no mês de julho morreram na unidade
Da Redação
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Regional do Norte Pioneiro (HRNP), gerido pela Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Paraná (Funeas), órgão da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), que até recentemente apresentava números compatíveis com outras unidades geridas pelo Estado, no mês de julho apresentou números assustadores relativos a óbitos de pacientes internados na instituição. Dos 32 pacientes que ocuparam leitos na UTI, 24 morreram, segundo dados obtidos pela reportagem.
O salto assustador no número de óbitos coincide com as mudanças realizadas pela Funeas nos hospitais que administra no Paraná, em razão da redução do número de casos graves de Covid, levando o Governo Estadual a transformar em geral as UTIs exclusivas pra a doença.
O assunto é tratado como um tabu por profissionais médicos, que preferem não comentar publicamente as razões que levaram a este aumento surpreendente de óbitos, uma vez que as taxas anteriores a julho estariam dentro dos padrões para UTIs como as do Hospital Regional.
Pelos números de pacientes internados nos últimos meses dá para se avaliar a gravidade da situação. Em abril a UTI do Hospital Regional registrou a internação de 20 pacientes, com cinco óbitos. Em maio foram 36 internados para sete óbitos; enquanto que em junho, dos 38 internados, 14 foram a óbitos.
Em julho, quando, quando a responsabilidade do atendimento na UTI passou para um novo grupo de empresas médicas, dos 32 pacientes internados, 24 vieram a óbitos.
A gravidade do assunto chamou a atenção no Legislativo platinense, com um vereador que chegou a se manifestar na sessão da Câmara sobre uma possível fraude de licitação pública na contratação de médicos, caso já tratado pela Tribuna do Vale em recente reportagem, cujo conteúdo não foi contestado até agora pela Funeas ou direção local do Hospital Regional.
O drama da perda de um filho
nquanto se discute estatísticas, esquece-se do drama e da dor de familias que perderam entes queridos. Este é o caso da morte de um paciente de 21 anos, Magno Gabriel Da Silva Santos, que, segundo relatos da família, recebeu alta da UTI do Hospital Regional e faleceu um dia depois.
A mãe do jovem, Crislaine Pereira da Silva não se conforma com a perda do filho e conta que aguarda alguns documentos para procurar as autoridades e pedir uma investigação rigorosa para apurar se ouve negligência ou ação que culminaram com a morte de Magno Gabriel.
Ela conta que o filho sofreu um acidente de moto, sendo, primeiramente, internado num hospital de Cambará. Com algumas complicações, segundo ela, ele foi internado na UTI da Santa Casa de Jacarezinho, onde permaneceu alguns dias.
No dia em que recebeu alta em Jacarezinho, começou a sentir falta de ar e acabou sendo transferido para a UTI do Regional. No último dia 7 recebeu alta neste hospital, mas a mãe diz que ele não estava bem, quadro que se agravou logo após deixar o hospital e acabou sendo novamente internado em Jacarezinho, onde morreu.
Crislaine aguarda o prontuário médico de Jacarezinho, já que tem em mãos os documentos de Cambará e Santo Antônio da Platina. Ela pretende recorrer ao Ministério Público e outros organismos, pedindo investigação da morte do filho.
A reportagem tentou contato telefônico com a diretora do Hospital Regional, Marcia Altvater, mas ela não atendeu o celular. Outra tentativa de contato ocorreu com um membro da administração da Funeas, em Curitiba, mas este, até o fechamento desta edição, não retornou o recado deixado em sua caixa de mensagem no WhatsApp.