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Assembleia celebra 30 anos da Central de Transplantes

e homenageia profissionais que ampliaram as doações

SAÚDE

No ano passado, foram realizados 1.248 transplantes de córnea, 550 de rim (sendo 52 entre vivos), 304 de fígado, 6 de pâncreas e 43 de coração. Além disso, o estado tem a menor taxa de recusa familiar para doação: 28%, contra a média nacional de 46%.

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Créditos: Valdir Amaral/Alep

A Assembleia Legislativa celebrou, em sessão solene realizada na manhã desta terça-feira (9), os 30 anos de funcionamento da Central de Transplantes do Paraná. Durante a cerimônia, foram entregues títulos de menção honrosa a profissionais da instituição, representantes de órgãos parceiros, transplantados, doadores e familiares. A homenagem foi proposta pela deputada Secretária Márcia Huçulak (PSD), que destaca a importante contribuição da central para tornar o Paraná uma referência nacional em transplantes de órgãos.

“São 30 anos de história salvando vidas no Paraná. O Paraná é sempre pioneiro na captação de órgãos e nos transplantes, com equipes transplantadoras de primeira qualidade em todo o nosso estado. E isso tem ajudado muitas pessoas a viver melhor, como quem tem, por exemplo, um problema renal e depende de hemodiálise. O transplante de órgãos é, no Paraná, um destaque para o Brasil. Então, mais do que justo homenagear as equipes transplantadoras e todo o trabalho da Central de Transplantes do Paraná, formado por técnicos, profissionais de enfermagem, farmacêuticos e médicos, que fazem desde a abordagem com as famílias até a agilização de todo o processo”, afirma a deputada.

Ela também cita o apoio da Assembleia para incentivar a doação de órgãos, seja por meio de leis, seja por meio de campanhas e mutirões.

“Nós tivemos vários projetos aqui, como o que concedeu o direito à meia-entrada para doador de órgãos. E também fizemos uma grande campanha do e-Notariado, em que as pessoas hoje podem, digitalmente, deixar registrada a sua vontade para as famílias. Sabemos que é um momento difícil, muitas vezes, para as famílias autorizarem a doação, mas isso pode ser deixado registrado. Porque daqui a gente não leva nada, mas pode deixar muita vida para outras pessoas”, complementa.

Paraná é referência em transplantes

Em 2024, pelo segundo ano consecutivo, o Paraná foi líder em percentual de doação de órgãos no Brasil, com 42,3 doadores por milhão da população (pmp, métrica internacional do setor), mais que o dobro da média brasileira. O estado liderou também em número de órgãos efetivamente transplantados: 36 pmp, mais que o dobro da média nacional, de 17,5 pmp.

No ano passado, foram realizados 1.248 transplantes de córnea, 550 de rim (sendo 52 entre vivos), 304 de fígado, 6 de pâncreas e 43 de coração. Além disso, o estado tem a menor taxa de recusa familiar para doação: 28%, contra a média nacional de 46%.

Números que, de acordo com o deputado Tercilio Turini (MDB), só são possíveis devido ao trabalho incansável de todos os profissionais da Central de Transplantes.

Reconhecimento

“Esse reconhecimento da Assembleia é o reconhecimento de todos os paranaenses pelo trabalho extraordinário que os profissionais da Central têm feito aqui no estado. Tanto é verdade que o Paraná, nos dois últimos anos, é o líder em transplante de órgãos, proporcionalmente, no Brasil. O trabalho de convencimento das famílias, principalmente no momento de sofrimento e de muita dor, é importantíssimo, e aqui a recusa tem sido relativamente pequena. Mas o trabalho não é só de captação: é de conscientização, com palestras e cursos que a Central realiza, além de toda a coordenação feita junto aos hospitais e parceiros que realizam os transplantes”, afirma o deputado, que recorda o primeiro transplante de órgão de que teve notícia, quando ainda era estudante de medicina na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

“Eu estava na universidade em 1973, quando foi feito o primeiro transplante de rim no Paraná. Me lembro perfeitamente: foi um acontecimento. Foi feito no Hospital Universitário de Londrina, que estava começando. E aquilo foi um marco que incentivou os transplantes aqui no estado. O paciente ainda teve uma vida longa e sobreviveu por mais 30 anos. Então, o transplante traz uma boa perspectiva para aquelas pessoas cuja única solução, a única esperança, é realmente o transplante. Esse é um trabalho importantíssimo, e a homenagem proposta pela deputada Márcia Huçulak é muito merecida”, conta.

Equipes da Central de Transplantes estão em todo o estado

Criada oficialmente em 13 de dezembro de 1995, a Central Estadual de Transplantes do Paraná (CET-PR) tem sede em Curitiba, mas conta também com centrais regionais em Cascavel, Londrina e Maringá.

Atualmente, a CET-PR possui 67 Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs, que atuam nos hospitais), 4 OPOs (Organizações de Procura de Órgãos), 4 Câmaras Técnicas (fígado, coração/pulmão, córneas e rins), 22 equipes de transplantes de órgãos, 6 laboratórios de compatibilidade de tecidos e 5 bancos de tecidos. A estruturação do órgão gerou resultados como o aumento de mais de 350% nas doações efetivas nos últimos 15 anos.

“São 30 anos dedicados ao compromisso com a vida. Três décadas de trabalho árduo e técnico em prol dos paranaenses que aguardam por um transplante, aguardam por um órgão para ter uma nova chance de vida. Uma dedicação de todos os profissionais que atuam em todas as etapas do processo de transplante: desde a identificação do potencial doador, passando pelo diagnóstico de morte encefálica, acolhimento da família, logística, distribuição dos órgãos aos receptores e o transporte até os locais onde serão transplantados”, destaca Juliana Ribeiro Giugni, coordenadora da Central Estadual de Transplantes.

Controle

Todo esse processo passa por rigorosos controles, desde a identificação de um doador em potencial até a realização do transplante, seguida pelo acompanhamento pós-cirúrgico dos receptores, como explica a responsável técnica da CET-PR, Luana Alves Tannous.

“Todos os pacientes que vão a óbito por lesão cerebral grave podem ser, em algum momento, doadores de órgãos. Para que ele se torne doador, um protocolo muito bem estabelecido em lei é executado por uma equipe médica treinada e capacitada. São, no mínimo, quatro etapas para, ao final, ser dado o diagnóstico de morte encefálica. Somente pessoas em morte encefálica, ainda com o coração batendo, mas com o cérebro sem funcionar, podem doar órgãos. O processo é extremamente seguro e validado pelo Conselho Federal de Medicina. Os médicos são capacitados e treinados. Tudo é documentado e certificado. Atualmente, no Brasil, não há risco. O paciente que evolui para morte encefálica realmente está morto perante a lei, socialmente e eticamente. Portanto, não há dúvida: o processo é extremamente seguro”, reforça.

Transplante foi renascimento para adolescente

Para a adolescente Mariana Camargo Schuch, de 17 anos, o novo coração que ela recebeu há quase quatro meses representa um verdadeiro renascimento. Convivendo com uma cardiopatia grave descoberta aos sete dias de vida, ela deixou para trás uma rotina cheia de privações e agora vive um momento de redescoberta.

“A minha vida durante esses 17 anos com a doença foi muito difícil. Eu entrei duas vezes na fila do transplante quando era pequena, mas descobrimos que ainda havia como tratar com medicamentos. Sempre foi muito difícil, porque eu não conseguia fazer exercício. Eu via minhas amigas praticando esportes e eu não conseguia nem andar 200 metros sem ter arritmia, sem falta de ar. Foi um período muito difícil e, com certeza, agora vou me esforçar nos esportes e fazer tudo o que sempre quis, de uma forma muito melhor”, conta, agradecendo aos médicos, ao doador e à família dele pela nova chance de viver com saúde.

“É muito emocionante falar sobre isso. A doação de órgãos deve ser mais difundida, porque é algo que salva vidas. Eu não teria nem dois meses de vida a mais, e saber que pude receber esse órgão e viver anos e anos a mais é algo muito importante. Então eu digo para todo mundo: sejam doadores, incentivem isso, porque salva a vida de milhares de pessoas. E isso é muito importante.”

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