Vitor Gabriel da Silva, de 16 anos, faleceu nesta segunda-feira (24) depois de sofrer graves complicações pulmonares provocadas pelo uso de vape

DA REDAÇÃO – FOLHA EXTRA
SANTO ANTÔNIO DA PLATINA – A morte de um adolescente de 16 anos abalou Santo Antônio da Platina nesta segunda-feira (24). Vitor Gabriel da Silva faleceu por volta das 17h, após sofrer graves complicações pulmonares provocadas pelo uso decigarro eletrônico. O caso, que mobilizou a cidade ao longo de uma semana, acende um alerta urgente: o vape, apesar da aparência inofensiva, pode ser fatal.
Vitor era filho de Angélica Aparecida da Silva e estudante do Colégio Estadual Tiradentes. Ele convivia há anos com bronquite, mas apresentou uma piora repentina no estado de saúde na última semana. Após ser internado, precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santo Antônio da Platina. Mesmo com todos os esforços da equipe médica, o quadro evoluiu de forma irreversível.
“Ele era um garoto amável, querido por todos, não dava trabalho para a mãe. Mas acabou se envolvendo com o cigarro eletrônico e, por causa da bronquite, o efeito foi devastador”, relatou uma amiga da família, que preferiu não se identificar. Segundo ela, a cidade se uniu em correntes de oração ao longo dos últimos dias.
“A semana inteira foi de oração pelo Vitor. Na sexta ou sábado, soubemos que ele estava muito mal na UTI, então os moradores intensificaram ainda mais as preces.”
A tragédia ganhou contornos ainda mais dolorosos com a morte do padrasto de Vitor. No domingo (22), João Gonçalves Leite, pastor da Assembleia de Deus, foi ao hospital visitar o enteado. Ao receber a notícia de que a situação do adolescente era crítica e que apenas um milagre poderia salvá-lo, João sofreu um ataque cardíaco e morreu. Ele foi sepultado na manhã de segunda-feira.
Sete horas após o sepultamento do padrasto, Vitor também não resistiu e faleceu por volta das 17h. O adolescente foi sepultado na manhã desta terça-feira (25), e sua partida gerou grande comoção na comunidade. “Os amigos ficaram a noite inteira no velório, até o enterro. Ele era muito querido”, contou um morador.
Em meio ao luto, a mãe de Vitor pretende transformar a dor em alerta. Segundo a amiga da família, Angélica planeja lançar uma campanha de conscientização sobre os riscos do cigarro eletrônico. “Agora não é o momento, porque ela está muito abalada, mas quando conseguir respirar um pouco, vai iniciar a campanha. Ela quer evitar que outros jovens passem pelo que o filho passou.”
A preocupação não é isolada. De acordo com moradores, este não é o primeiro caso de morte associado ao uso de cigarro eletrônico na cidade. “Há pouco tempo perdemos outro jovem que também usava vape. Isso precisa parar”, afirmou a amiga.
O cigarro eletrônico, também conhecido como vape ou “vaper”, tornou-se popular entre os jovens por causa dos sabores variados e do design moderno. O dispositivo, porém, carrega riscos semelhantes – e por vezes maiores – aos do cigarro tradicional. Apesar da aparência tecnológica, o vapor inalado contém nicotina e outras substâncias tóxicas capazes de causar danos severos aos pulmões, ao sistema cardiovascular e até à pele. No Brasil, a comercialização, importação e propaganda desses produtos são proibidas pela Anvisa desde 2009.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que usuários de cigarro eletrônico têm três vezes mais chance de experimentar o cigarro comum e quatro vezes mais risco de se tornarem fumantes. A nicotina presente nos dispositivos provoca dependência e, diferentemente do cigarro tradicional, o vape não emite odor forte, o que facilita o uso frequente e discreto.
Além dos riscos químicos, há também perigos mecânicos. Por não serem regulamentados, muitos dispositivos podem apresentar falhas nas baterias, já tendo sido registrados casos de explosões.
Apesar da crença de que o vape ajuda a parar de fumar, especialistas alertam que essa ideia é falsa. A maioria dos aparelhos contém nicotina e apenas substitui o vício. Quem deseja abandonar o tabagismo deve procurar ajuda profissional. O SUS oferece tratamento gratuito por meio do Programa Municipal de Combate ao Tabagismo, que inclui avaliação clínica, acompanhamento e, quando necessário, terapia medicamentosa.