
Estruturação e capacitação de cooperativas de catadores fazem parte dos investimentos da empresa em Belém para receber a conferência do clima
Resíduos da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém de 10 a 21 de novembro, vão gerar receita para catadores da capital paraense. Ao todo, atuarão na coleta desses resíduos 40 catadores de quatro cooperativas beneficiadas por uma parceria entre a Itaipu Binacional, Itaipu Parquetec e Prefeitura Municipal de Belém, que tem como objetivo estruturar e qualificar a atuação desses trabalhadores.
Mais de 40 mil pessoas deverão participar da conferência que, conforme estimativas da Secretaria de Zeladoria de Belém (Sezel), responsável pela operação de coleta, deverá produzir um total de 416 toneladas de resíduos (202 t de recicláveis; 173 t de compostáveis; e 40 t de rejeitos).
A operação de retirada desse material será realizada entre as 23h e as 6h, e vai gerar pagamentos de uma diária pelos serviços prestados de R$ 200, por catador, entre os dias 1º e 28 de novembro (isso porque a operação abrange desde os preparativos, as pré-sessões e a Cúpula de Líderes, até o pós-evento). Além da diária, os catadores terão uma participação nas receitas geradas pelos materiais reciclados nas cooperativas.
Alguns cuidados foram adotados para não gerar excesso de lixo durante a conferência, especialmente o plástico. As refeições, por exemplo, serão servidas em material acartonado, que vai para a compostagem junto com restos de comida. “E alguns materiais recicláveis já têm destino certo, pois empresas já se comprometeram a fazer a logística reversa e pagar por itens como embalagens longa-vida e latinhas de água mineral”, informou a secretária executiva de Inclusão Produtiva da Sezel, Pâmela Massoud.
Para atuar na operação, os catadores das cooperativas receberam treinamento, reforma dos barracões com readequação completa da infraestrutura (incluindo banheiros, vestiários e área administrativa), e equipamentos como esteiras, balanças, prensas e caminhões-baú, que impactam diretamente na produtividade e na segurança do trabalho, permitindo que os catadores coletem e processem mais materiais, com reflexos na remuneração.
Essas melhorias fazem parte dos investimentos realizados pela Itaipu Binacional em apoio ao Governo do Brasil para a realização da COP em Belém. Entre eles está o apoio a quatro cooperativas – Concaves, Filhos do Sol, Aral e Associação de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB) – que também inclui assessoria em gestão pelo prazo de dois anos. A iniciativa está contemplada dentro de um convênio de R$ 41,8 milhões com prefeitura que, além da estruturação das cooperativas, inclui ações de educação ambiental e instalação de biodigestores em 36 escolas municipais (para utilização de resíduos orgânicos na geração de gás para as cozinhas).
Antes de receber esse apoio, os catadores vinham trabalhando em condições precárias, segundo a presidente da Concaves, Débora Baia. A reforma e a instalação dos equipamentos na Concaves seriam finalizadas no dia 5 de novembro.
“O telhado não protegia o suficiente, havia alagamentos e risco de choque elétrico. Também tinha a questão da falta de ergonomia, pois os catadores trabalhavam em mesas improvisadas”, afirmou. “Agora, com a instalação dos equipamentos e a reforma, vamos trabalhar como numa linha industrial. A expectativa é que a remuneração vai passar de R$ 1.300 para cerca de R$ 3.500”, completou Débora.
Essa iniciativa replica o modelo adotado no Coleta Mais, uma das ações do programa Itaipu Mais que Energia no Paraná e do Mato Grosso do Sul. Em 2018, o Itaipu Parquetec criou uma ferramenta de gestão chamada Reciclômetro, que também será utilizada pelas cooperativas de Belém, e que gera dados sociais e econômicos de cada Unidade de Valorização de Reciclagem (UVRs). Nesses últimos sete anos, nos municípios parceiros, cerca de 200 mil t de materiais foram reciclados produzindo impactos positivos como as emissões evitadas de 390 mil toneladas de CO2 e poupado o corte de mais de 2,6 milhões de árvores.
Inicialmente restrita às localidades próximas ao reservatório, a iniciativa foi ampliada em 2023 e hoje chega a 254 municípios do PR e do MS, além de Belém. A Itaipu já investiu cerca de R$ 330 milhões na iniciativa que hoje beneficia 4.600 catadores.
Segundo o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, o Coleta Mais é uma iniciativa que exemplifica a missão da empresa, pois engloba benefícios ambientais e sociais, e por isso terá destaque na participação da empresa durante a COP30.
“Por um lado, é um programa que retira do meio ambiente o resíduo que contamina o solo e vai parar nos rios, comprometendo os usos da água, inclusive para a geração de energia. Por outro, com mais estrutura e capacitação, o catador tem a importância de seu trabalho reconhecida e valorizada. Há cooperativas que registram mais de R$ 4 mil de remuneração mensal de seus associados”, afirmou Verri.
Outra parceria da Itaipu e do Itaipu Parquetec que beneficia os catadores de Belém é um barco movido a hidrogênio verde. A embarcação ficará sob responsabilidade da Universidade Federal do Pará (UFPA) e será utilizada pelas cooperativas na coleta de recicláveis nas ilhas próximas a Belém, reduzindo o impacto ambiental dessa atividade por meio da utilização de um combustível que não emite gases de efeito estufa (GEE).






