
Os deputados paranaenses que conheceram a produção de tabaco e os detalhes da legislação no Rio Grande do Sul, durante visita técnica realizada na quinta-feira (3) e sexta-feira (4), voltaram convictos de que a classificação do fumo no Paraná precisa ser feita diretamente na propriedade dos produtores. A avaliação é do deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSD), um dos autores do projeto de lei que propõe a mudança da regra vigente no estado.
“No Rio Grande do Sul, a classificação da folha de tabaco é feita na propriedade rural do produtor, e não mais nas esteiras das empresas compradoras, quando o agricultor já não tem alternativa a não ser aceitar a avaliação, ou pagar o frete para levar a carga de volta. Isso precisa mudar também no Paraná”, afirmou Romanelli nesta segunda-feira (8), ao divulgar os resultados da missão parlamentar.
Além de dialogar com os produtores em Santa Cruz do Sul, os deputados Romanelli, Anibelli Neto (MDB), Hussein Bakri (PSD), Luís Corti (PSB) e Marcelo Rangel (PSD) estiveram em Porto Alegre, onde discutiram os detalhes da legislação gaúcha e o apoio oferecido pelo governo estadual. “Essa visita nos deu a certeza de que o Paraná precisa avançar numa lei que assegure a classificação do fumo no paiol. Vamos trabalhar num substitutivo ao projeto já apresentado, para adequá-lo à realidade do nosso estado”, explicou o deputado.
Exemplo gaúcho
A comitiva contou ainda com a presença do prefeito e do vice-prefeito de Guamiranga, Marcelo Leite (PSD) e Igor Pontarolo (PSD), além do assessor jurídico da Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná), Adilson Korchak.
“O Rio Grande do Sul, maior produtor de tabaco do país, já colheu sua primeira safra sob a nova legislação. São cerca de 66 mil famílias envolvidas na produção. No Paraná, temos aproximadamente 28 mil. Toda a nossa produção vai para o Rio Grande do Sul, que industrializa e exporta o tabaco brasileiro”, destacou Romanelli.
Durante a visita, os deputados estiveram na Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), na Fetag/RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) e no SindiTabaco (Sindicato da Indústria do Tabaco). Também participaram de encontros com os secretários estaduais Edivilson Brum (Agricultura) e Vilson Covatti (Desenvolvimento Rural), além do vice-governador Gabriel Souza (MDB). Na Assembleia Legislativa gaúcha, reuniram-se com os deputados Elton Weber (PSB), Luciano Silveira (MDB) e Zé Nunes (PT).
Luciano Silveira é vice-presidente da Comissão de Agricultura; Elton Weber é membro da mesma comissão, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha e relator do PL 204/2015, de autoria de Zé Nunes. “Saímos convencidos da importância da aprovação dessa lei no Paraná, para que ela já possa beneficiar os fumicultores na próxima safra”, reforçou Romanelli.
Produção no Paraná
Romanelli é coautor do projeto de lei que propõe a classificação do fumo na propriedade rural, ao lado dos deputados Alexandre Curi (PSD), Anibelli Neto (MDB) e Maria Victória (PP). A proposta determina que as empresas que comercializam e/ou industrializam o tabaco realizem a classificação da folha diretamente nas propriedades dos agricultores.
Segundo Romanelli, os produtores paranaenses relatam com frequência a falta de transparência no processo de classificação, hoje centralizado nas empresas compradoras. “A descentralização da classificação garante mais equidade, transparência e atende a uma reivindicação histórica dos fumicultores. O produtor, que investe e assume todos os riscos, está hoje subordinado às decisões das empresas, em desvantagem no processo”, avaliou.
Na safra 2023/2024, cerca de 28 mil famílias no Paraná se dedicaram ao cultivo do tabaco. Os três estados do Sul — Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, são responsáveis por 97% da produção nacional, reunindo aproximadamente 162 mil famílias e 320 mil hectares de área cultivada.