Livros e jornais de papel jamais acabarão e seguem essenciais para a democracia, transparência e

Redação do Jornal Tribunal do Vale
Nos últimos dias, circularam interpretações equivocadas a respeito da atuação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) no que diz respeito à publicação de atos oficiais pelos municípios. Em evento realizado em Santo Antônio da Platina, representantes do TCE reforçaram a importância da eficiência na prestação de contas e mencionaram a possibilidade de publicação digital como meio de alcançar publicidade. No entanto, é fundamental esclarecer: o Tribunal de Contas não proibiu o uso de jornais impressos, nem poderia fazê-lo.
Ao contrário do que alguns imaginaram, a recente decisão do TCE-PR no Acórdão nº 669/25, oriunda do processo 698814/24, reconhece expressamente que a publicação de extratos de editais de licitação deve continuar ocorrendo em jornais diários de grande circulação, e deixa claro que esses veículos podem ser tanto impressos quanto digitais. Mais ainda: caso o município não disponha de veículo digital ou impresso com essas características, deve buscar meios de divulgação em veículos regionais. Ou seja, a avaliação deve ser feita caso a caso, sempre com o objetivo de cumprir o princípio da publicidade — pilar inegociável da administração pública.
Portanto, a interpretação correta é de que os jornais de papel continuam sendo plenamente válidos e eficazes para garantir a transparência dos atos públicos, principalmente em regiões onde o acesso à internet ainda é limitado ou onde a população se informa majoritariamente por meio impresso.
Além disso, é inegável o papel histórico e cultural da imprensa escrita, que vai muito além da simples veiculação de editais. Jornais como o Tribuna do Vale exercem a missão de informar, fiscalizar, educar e preservar a memória coletiva de suas comunidades. São diários que permanecem arquivados nas casas, nas bibliotecas, nos órgãos públicos. São fonte, testemunho e prova da história.
A crença de que o mundo digital substituirá completamente o impresso é, no mínimo, precipitada. Em tempos de sobrecarga de informações, fake news e desinformação em redes sociais, a credibilidade do papel e o compromisso ético da imprensa escrita ganham ainda mais relevância.
Por isso, reafirmamos: os livros e os jornais impressos jamais acabarão. Eles resistem às mudanças do tempo porque são mais do que meios — são valores. São ferramentas democráticas de acesso à informação, essenciais especialmente para populações idosas, rurais ou desconectadas digitalmente.
O digital é bem-vindo, mas não pode ser imposto como única via. E, conforme o próprio TCE-PR reconhece, a avaliação sobre qual meio de publicação deve ser utilizado depende das circunstâncias locais e deve sempre considerar o princípio maior da publicidade — o que, muitas vezes, significa manter o bom e velho jornal de papel circulando com toda sua dignidade.