O evento contou com a participação dos moradores da Pedreira, com expressiva participação das crianças envolvidas no Projeto. Ademais, outros representantes da sociedade civil, professores, advogados, artistas e vereadores se fizeram presentes para prestigiar o momento histórico do “Cine Pedreira – Lançamento do Documentário”.
Antes da exibição do documentário houve uma apresentação cultural organizada pelo coletivo musical de Maracatu, junto às crianças da comunidade que compõem o Projeto de Extensão Música no Sangue, África no Soro, razão pela qual surge a proposta do documentário.
Esse documentário discute questões étnico raciais, direito à cidade, direito à memória e infâncias plurais, tendo os moradores, especialmente às crianças da comunidade como protagonistas de suas histórias.
A produção envolve um projeto de musicalização do Coletivo, apresentando por meio dos instrumentos do Maracatu e das composições de loas, as contradições da vida dura aliada ao brincantar das crianças reivindicando o seu espaço.
O coordenador do projeto, Antônio Donizeti (2024), sintetiza a proposta documental:
Tratamos aqui da produção de um audiovisual que com o ecoar da alfaia e a viração de seu baque, como o trovão das chuvas, anuncia a cidade, a opinião pública e as suas instituições diante da água que, a cada ano, avoluma o “Ribeirão Água Feia”. […] Mas essa não é a única trilha sonora do documentário que denuncia a ausência de políticas públicas. […] As imagens vão e vêm, como a prensa da reciclagem instalada na favela que desce e sobe, num árduo trabalho repetitivo de tornar o lixo – vai saber – um possível produto de luxo e consumo. O agbê acompanha o ritmo das vozes ancestrais, daqueles que reivindicam o direito de ir e vir “Por que luz e água entra aqui pra nóis pagar e o correio não chega? Não é mesmo? (Moradora da Pedreira, 2024)”. Quando a prensa alivia o volume do seu motor conseguimos ouvir a gargalhada de erês, numa dança com o ganzá, de pés descalços subindo e descendo a Pedreira com os seus pedregulhos, o calhau e seus cascalhos. É a esperança das vozes das crianças lembrando que “até no lixão nasce flor” (Racionais Mcs, 2002), pois o que elas querem? “Ser professora”, “Cuidar do mundo inteiro” (Crianças da Pedreira, 2024). E no final, como não poderia deixar de sê-lo porque é, antes de tudo, convite: “Ô meu povo, venha ver, venha ver quem tá chegando – Maracá Pedreira, da Estação Maracatu (Toneladas de Maracatu, 2022)”. Porque a Pedreira é mais do que se vê e, também, muito mais para aqueles que não querem ver.
Dessa forma a obra caminha como um convite a todos, para que conheçam as múltiplas corporeidades da comunidade da Pedreira, em Jacarezinho/PR, que muito se assemelha a outras vivências e realidades.
Agora, convidamos você a conferir o documentário, ao som da loa: “Ô meu povo, venha ver, venha ver quem tá chegando – Maracá Pedreira, da Estação Maracatu (Toneladas de Maracatu, 2022)”.
Serviço
Disponível no Youtube: PEDREIRA E O PESO DE TODAS AS ÁGUAS DA CIDADE
Ficha Técnica:
Direção: Antônio Donizete Fernandes
Produção: Coletivo Toneladas de Maracatu
Equipe:
Ana Caroline Goulart
Antônio Donizeti Fernandes
Cleiton Ferraz Souza
Igor Caíque de Almeida Silva
Ilson de Oliveira Neto de Medeiros
Marcelo Augusto Germano
Mariana Ponciano Ribeiro Rennó
Direção de Fotografia/Câmera: Welyton Crestani;
Assistente de produção: Nat Araújo;
Produção Musical: João Victor Carvalho Leonel;
Vozes: Andreisy Michele Natel de Camargo, Igor Caíque de Almeida Silva e Marcelo Augusto Germano.
Trilha Sonora:
Pedreira minha comuna, composta por Marcelo Augusto Germano;
Maracá Pedreira, composta por Andreisy Michele Natel de Camargo.
Agradecimento especial a Comunidade da Pedreira.