ECONOMIA RURAL
Legenda- Encontro com produtores na Assembleia Legislativa
Da Assessoria
O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD) presidiu nesta terça-feira, 06, a audiência pública Porco Moura: Patrimônio Histórico, Cultural e Genético do Estado do Paraná. O encontro realizado na Assembleia Legislativa reuniu pesquisadores, criadores, gestores públicos, comerciantes e instituições privadas e governamentais ligadas à agricultura e à área cultural.
“A criação do Porco Moura tem potencial para ser um novo e importante ativo comercial para a economia rural, principalmente para a agricultura familiar. É uma opção para diversificar as atividades nas pequenas propriedades”, destacou o deputado. “Nosso propósito é fortalecer toda a cadeia produtiva, desde a criação até a comercialização e consumo do Porco Moura. A raça tem uma carne diferenciada e muito saborosa, com grandes possibilidades para ampliar o mercado consumidor”, acrescentou.
Preservação
Romanelli, que coordena a Frente Parlamentar Municipalista da Assembleia Legislativa, propôs o encontro para ouvir especialistas na preservação da raça e discutir maneiras de incentivar e ampliar a criação de rebanhos do Porco Moura. “Ouvimos grandes depoimentos, de gente apaixonada e com enorme conhecimento técnico sobre esta raça de suíno, que pode ser a primeira do Paraná com reconhecimento genético pela área de cultura”, afirmou.
Projetos de lei
A audiência faz parte do processo de tramitação de dois projetos de lei propostos pelo deputado Romanelli. Um deles reconhece o Porco Moura como patrimônio paranaense, sob os aspectos histórico, cultural e genético. Outra iniciativa insere no Calendário Oficial de Eventos do Paraná a Semana Estadual dos Porcos Crioulos, a ser realizada na terceira semana de maio. “São proposições que atendem demandas de criadores e pesquisadores”, observa Romanelli.
Manifestações
A importância do Porco Moura para a atividade agrícola foi reforçada por manifestações de órgãos como a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), IDR-Pr (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Paraná), do Sebrae e de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Além disso, o coordenador do Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC), Vinicius Bruni, fez uma manifestação de apoio em relação ao reconhecimento genético da raça como patrimônio cultural do Estado, dizendo que já está em avaliação a possibilidade do registro do Porco Moura como bem imaterial do Paraná.
Histórico
“Um momento histórico”, resumiu o professor Marson Bruck Warpechowski, que coordena um projeto realizado na fazenda experimental da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Pinhais, para preservar a genética da raça e fomentar a criação comercial. A professora Maria Marta, da UEPG, também destacou o movimento em favor do Porco Moura, salientando a importância de manter o sistema produtivos ao ar livre e com alimentação apropriada.
Divo Molinari, que preside a Associação Paranaense de Criadores Porco Moura, reforçou que há muitos produtores interessados na raça, mas que ainda necessitam de assistência técnica, legislação apropriada e linhas de financiamento para expandir a criação. “Precisamos preservar a fantástica genética do Porco Moura”, acrescentou o produtor Herculano Lisboa, um dos maiores entusiastas da criação do Porco Moura no Paraná.
Agricultura Familiar
Para Alexandre Leal, presidente da Fetaep, o Porco Moura abre novas perspectivas para a agricultura familiar e a possibilidade de consolidação de um novo modelo de negócios para sustentar pequenas propriedades, com mais incentivos para que as novas gerações se mantenham no campo. Ele disse ainda que um dos principais desafios neste processo é a garantia de assistência técnica adequada.
Ar livre
O Porco Moura é uma raça crioula genuinamente brasileira, criada ao ar livre e sem confinamento que se expandiu a partir das reduções Jesuíticas do Rio Grande do Sul. No decorrer dos séculos, os rebanhos foram adaptados aos novos territórios, aos diferentes biomas, climas, tipos de alimentação e desafios geográficos.
A raça se espalhou pelo Paraná durante o Ciclo da Banha, quando foi instalada em Jaguariaíva uma fábrica de banha da família Matarazzo, em 1920. A partir dos anos de 1960, com o surgimento de suínos comerciais, o Porco Moura perdeu espaço no mercado.
