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Casa de Apoio platinense completa 6 anos

Local acolhe mães de crianças internadas no Hospital Regional

Redação Tribuna

Sensibilizar-se com a dor ou necessidade do outro, é algo muito característico do povo brasileiro que revela a sua face solidária a cada situação emergente por todos os cantos do País. Em Santo Antônio da Platina, não é diferente, há corações que se comovem com a precisão alheia e, de uma forma ou outra, encontram solução, quando não, uma resposta rápida para aliviar a aflição.

Um destes cidadãos, até então, anônimo para a circunstância, em maio de 2018, ao fazer uma visita ao Hospital Regional se deparou com as condições das mães que tiveram bebês e que, por algum motivo, estes ficaram internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. “As mães apesar de terem altas e, as crianças não, elas precisavam ficar próximas do Hospital com visitas em até cinco vezes ao dia, ou seja, a cada 3 horas. Quando não estavam no hospital, as mães ocupavam um pequeno cômodo fora da unidade de saúde e ali traziam de suas casas, colchão, roupas de cama e cobertores, um espaço sem muito conforto. A alimentação o hospital fornecia”, relatou João Batista Vilas Boas, que há 24 anos trabalha como representante comercial em Santo Antônio da Platina, casado e, há alguns anos é Diácono pela Igreja Católica Apostólica Romana, servindo a vocação religiosa na Paróquia Santa Filomena, que tem a Igreja Matriz, escritório e casa paroquial na Vila Claro.

Ele disse que “durante um mês, na companhia de Maria Augusta Vila Nova e Fátima Navarro, fizemos um acompanhamento de atendimento às mães neste cômodo que elas ocupavam, ajudando com colchão e roupas de cama e alimentação, também material de higiene pessoal, etc.”.

Comovidos com a experiência que tiveram naquele período, “veio à ideia de ter uma Casa de Apoio para as mães com bebês na UTI Neonatal do Hospital Regional. Levamos ao conhecimento de mais pessoas da comunidade platinense, principalmente das quatro Paróquias da cidade e, em 1º de julho de 2018 a Casa de Apoio às Mães Francisco Pró-Vida estava pronta para receber as mães e, de imediato, já atendemos três mães que foram acolhidas”.

De lá para cá, foram muitos momentos emocionantes vividos e presenciados, realidades diferentes, mas todas as mães com o mesmo intuito, de voltarem para suas casas com os bebês sadios. O Diácono João Batista, como é mais conhecido, informou que de 1º de julho até hoje já passaram pela Casa de Apoio 380 mães. “Não tenho dúvida que esta obra que completará seis anos dia 1º de julho, foi inspirada pelo Espírito Santo”.

Manutenção – O Diácono informou que a Casa de Apoio é mantida por doações financeiras – por meio do Dízimo – das quatro Paróquias: Santa Filomena (Vila Claro), São Judas Tadeu (Conjunto Habitacional Dr. Jamidas), São José (Bairro Colorado) e a Santo Antônio de Pádua (central da cidade); também por doações da comunidade platinense; e ajuda da Cáritas Diocesana de Jacarezinho. “Há ainda alguns associados e convênios com determinadas prefeituras de onde recebemos recursos, como a de Santo Antônio da Platina, Joaquim Távora, Guapirama e Siqueira Campos, lembrando que a 19ª Regional de Saúde, com sede em Jacarezinho, responde por 22 municípios”.

A Casa de Apoio, no dia a dia, aceita doações de alimentos, materiais de limpeza e de higiene pessoal, leite, etc.

Ele ainda disse que o valor pago pelo aluguel do imóvel é de R$ 2.100,00 mensais e, incluindo aluguel, para se manter mensalmente a Casa de Apoio Francisco Pró-Vida gasta em média R$ 5.600,00.

Funcionamento – O local atende de segunda a sexta-feira, 24h por dia. Mas, na sexta-feira, as mães vão para suas residências e retornam na segunda feira e a Casa de Apoio às recebe novamente. Localizada na Rua Aldo Claro de Oliveira, nº 272, no Jardim Monte Verde, a uns 300 metros do Hospital Regional, a Casa conta com 10 cômodos, “com isso, temos a capacidade de receber até 10 mães ao mesmo tempo, aliás, mesma condição da UTI Neonatal do Hospital Regional”, disse João. Os serviços oferecidos ali são hospedagem, lavanderia, café da manhã, almoço, café da tarde e jantar, tudo gratuito, mas as mães quando podem colaboram com o preparo dos alimentos. A Casa tem uma funcionária que faz a limpeza e também é cozinheira.

João Batista deixou bem claro que o local não recebe acompanhantes das mães, pois a “capacidade de acolhimento é limitada, então somente as mães que estão com bebês na UTI Neonatal se utilizam de nossa estrutura”.

O presidente da Casa de Apoio é o próprio Diácono e, como tesoureiro, Júlio Franco, que é um funcionário aposentado da Prefeitura e muito respeitado na cidade.

João ainda mencionou que não há um atendimento diário fixo, “é muito rotativo, pois tem mães que ficam até dois meses, algumas apenas uma semana, outras, até 15 dias, tudo depende da evolução do bebê na UTI Neonatal, mas, toda semana temos em média de seis a sete mães na Casa”.

Satisfação – Na manhã de quinta-feira, dia 27, Fátima Navarro atendeu a reportagem da Tribuna e disse de sua satisfação em estar colaborando com este projeto da Casa de Apoio. “É uma sensação muito boa, poder ajudar as pessoas, eu que estou desde o começo. Trabalhei na saúde pública por 33 anos. Aposentei e me chamaram aqui para a Casa. No dia 1º de julho de 2018 fomos ao hospital e trouxemos as primeiras mães aqui para a Casa. É gratificante poder ajudar as pessoas. Essas mães têm os filhos na UTI Neonatal. Elas fazem as alimentações aqui, posam, podem lavar as suas roupas e tem lugar para dormir. E, mas mães que vão embora com os bebês, depois voltam ao Hospital porque as crianças têm que tomar uma vacina que é bastante cara e daí elas vêm aqui trazer os filhos para vermos, não tem dinheiro que paga isso, ver as mães e crianças bem, elas também mandam fotos”.

Depoimentos – Na ocasião estava no local a adolescente S.T.M., de 14 anos, residente em Wenceslau Braz. O filho nasceu com 30 semanas, no dia 21 último e ela estava completando seis dias na Casa de Apoio. “Eu estava entrando no 8º mês de gravidez. Vir pra cá todos os dias gasta bastante então a Assistente Social me falou desta casa. Eu nunca fiquei sozinha, tinha a família por perto. Mas nossa sorte e graças a Deus que tem esta casa aqui e me acostumei bem. Meu filho já está ganhando peso, está com mais de 1 quilo”.

Ana Carolina Pereira de Lima, de 24 anos, reside em Siqueira Campos. Sua filha nasceu com 31 semanas e já está há 27 dias internada. “Estar aqui na Casa de Apoio é muito importante para nós, temos alimentos na hora certa, camas confortáveis, banho, dá segurança. É um momento difícil pra gente porque não imaginamos ter um filho e tendo que ficar na UTI. A Fátima aqui com a gente também nos ajuda muito porque ela tem experiência em Enfermagem, ela nos tranquiliza”, disse a jovem que trabalha de caixa em uma loja de autopeças.

Murielly Taissa Pereira da Silva mora em Figueira, tem 20 anos de idade. Sua filha nasceu prematura e foi para a casa e pegou bronquiolite causada por um vírus, cujos sintomas incluem corrimento nasal, tosse, dificuldade para respirar. “Ela teve que voltar para o Hospital e, eu, estou na Casa de Apoio pela segunda vez. Aqui é muito importante para nós que temos crianças na UTI e moramos longe e não tem como vir todo o dia. Nos deixa mais perto dos filhos e a gente não paga nada aqui, tudo é gratuito, temos banho e alimentação de qualidade, muita gratidão”.

Josimara Anacleto Batista, de 37 anos, reside em Siqueira Campos. A filha nasceu com 32 semanas. “Faz 10 dias que estou aqui. É uma benção de Deus a Casa de Apoio, tem internet para conversar com a família, comemos bem, a Fátima é uma boa pessoa. Apoio esta iniciativa”.

Maria Eduarda Marques, de 20 anos de idade, é uma das jovens que frequentou a Casa de Apoio de 31 de janeiro a 4 de junho deste ano. Nestes mais de quatro meses, criou um vínculo com o local e, principalmente, com Fátima Navarro que atende a mães. Ao sair ela deixou uma carta que diz assim: “Eu tive um bebê prematuro. Cheguei aqui na Casa de Apoio completamente perdida e desemparada. Aqui fui recebida de braços abertos pela dona Fátima, que cuidou de mim como se eu fosse sua filha. Um lugar muito importante que recebe várias mãezinhas passando por difíceis situações. Aqui fiz muitas amizades, uma sempre ajudando a outra. A dona Fátima faz todo o possível pra que a gente se sinta em nossa própria casa. E, todo esse tempo aqui, o local se tornou minha segunda casa e vou sentir saudades. Só tenho a agradecer por essa oportunidade de conhecer a Casa de Apoio e me sentir acolhida de todo o coração, num momento complicado. E, principalmente, aprender que não podemos perder a fé, serão dias difíceis, mas a vitória é certa e Deus está no controle de tudo. Minha eterna gratidão à dona Fátima e a Casa de Apoio”.

Curiosidade – Já passaram pela Casa de Apoio em Santo Antônio da Platina, mães de São Paulo, Curitiba, de vários municípios do Norte Pioneiro. Um fato interessante citado por Fátima Navarro foi de uma Mãe de Belém do Pará que foi visitar o esposo que trabalha próximo ao Balneário Camboriú (SC). “Ela, acompanhada de sua irmã e um filhinho de pouco mais de um ano de idade, por lá se sentiu mal e foi ao médico, quando descobriu a segunda gravidez já de oito meses. Voltou de viagem e, chegando a Curitiba a bolsa rompeu e começou sentir dor. Ainda assim seguiu viagem, mas, não suportando mais a aflição, disse para a irmã que teriam que parar na próxima cidade e, esta foi Santo Antônio da Platina. O ônibus parou no Posto Platina, a deixou e seguiu viagem. No posto uma pessoa a levou até o Hospital Nossa Senhora da Saúde. Ela ganhou o bebê e foi parar na Casa de Apoio, que a acolheu, deu toda a assistência e, dois dias depois, já na companhia do esposo, os acompanhamos até a Rodoviária para seguirem viagem até Curitiba e, de lá para a casa deles em Belém do Pará”.

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