DIRCEU CARDOSO GONÇALVES

Um (presidente) é bom, mas dois, é demais

A Nação assiste, preocupada, a briga entre o presidente da Petrobrás e o Ministro das Minas e Energia. E agora a contenda revela um novo ingrediente: o presidente da República já convidou seu velho companheiro de partido, Aloisio Mercadante, para deixar a importante cherfia do banco estatal de fomento (BNDES) e assumir a petroleira. A nós, do povo, que assistimos tudo olhando do lado de fora, essa mudança parece algo consumado e – o pior – quanto mais  demorar para ser concretizada, mais incerteza e prejuízos trará à nossa maior empresa estatal. E isso poderá trazer enormes reflexos tanto para a companhia quanto para toda a população, consumidora cativa dos seus combust&iac ute;veis, lubrificantes e demais derivados do petróleo e similares.
Por mais qualificações que possa ter, o atual presidente, Jean Paul Prates, deve, nesse momento, ser considerado carta fora do baralho, pois Lula já convidou Mercadante para o posto e, com isso, tornar-se o executivo mais importante (e mais bem pago) do Brasil. No lugar de Prates, eu entregaria a carta de demissão e iria cuidar da vida. Parece-nos que o ministro das Minas e Energia também sai manchado nesse episódio pois, em sendo o “chefe” da área, é  contestado e não tem musculatura suficiente para enfrentar o desafeto funcional. São os males do poder. Quando o titular não tem força, é contrariado e não consegue fazer nada. Mesmo que fique no posto, sua posiç ;ão é frágil.
A Petrobras é, sem qualquer dúvida, uma grande companhia e, como estatal, sujeita a mazelas e desavenças políticas. Já foi esbulhada nos rumorosos casos de corrupção apurados (e até agora não concluídos) pela Operação Lava Jato. Muitas vezes foi pressionada pelo governo a manter política de preços gravosa para o abastecimento de combustíveis e sofre muitas injunções. Sua criação, em 1953, atendeu à premissa de que “O petróleo é nosso”. Uma frase de efeito que nunca equivaleu à verdade, pois antes do advento da empresa, o petróleo aqui vendido pertencia às sete irmãs petrolíferas int ernacionais que de nós cobravam o preço que bem entendiam. Depois quem virou a dona foi a próprtia estatal e nem por isso a gasolina, o diesel e os lubrificantes tiveram o preço reduzido na venda ao consumidor.
O mais racional seria que a petroleira fosse estatal enquanto o Brasil não tivesse investidores em condições de mantê-la e, quando isso ocorresse, transferida para a iniciativa privada. Aliás, uma premissa que deveria ter valido para todas as estatais. Seria altamente saudável à economia nacional e deixaria o governo encarregado apenas das atividades normativas e fiscalizadoras. E, principalmente, acabaria com os cabides de altos salários que o meio político proporcionaaos seus filiados e cabosd eleitorais
Se tivesse passado às mãos de um grupo privado – nacional ou internacional – a Petrobras hoje não seria alvo das intolerâncias que a apreesentam com insegurança ao mercado e já fizeram suas ações despencarem de valor. Mas temos de entender que a política do presidente Lula da Silva é estatizante. Tanto que desmobilizou todas as ações privatizantes preparadas pelo seu antecessor. É um direito seu, mas deve manter-se atento e tomar as devidas providências para evitar que a lentidão nas decisões possa prejudicar o negócio. Antes de permitir a divulgação do convite feito a Mercadante, o chefe do governo deveria ter demitido o presidente da pet roleira e, no lugar de anunciar o convite, informar à Nação quem, a partir daquele instante,  era o presidente da empresa.
Nosso Pais tem grandes dificuldades estruturais. Suas empresas estatais, mesmo a lucrativa Petrobras, deveriam rter gestão mais desvinculada das coisas e interesses do Estado. Não devemos nos esquecer que apesar de ainda ser o combustível que movimenta a frota mundial, o petróleo tem data certa para perder sua importância estratégica e econômica. Melhor seria que a petroleira estivesse em mãos privadas e que estas, sem os problemas de coisa pública, pudessem aproveitar a lucratividade do negócio enquanto ela fosse viável e, no final, dar uma boa destinaão ao patrimônio.
Sem qualquer viés de oposição ou de preferência por estatizar ou desestatizar, estamos torcendo para que Lula e seus ministros atentem para a necessidade de tocar um governo mais ágil e estável. O presidente da Petrobras mantido no cargo depois do anúncio do convite a outro para assumir o seu posto é um desserviço a todos nós brasileiros. Acertem-se, por favor. Em nome do Brasil e dos brasileiros…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
tenentedirceu@terra.com.br

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