Nos ano de 1965, o então governador Adhemar de Barros, notório líder político paulista, decidiu mudar a sede do governo estadual para o Palácio dos Bandeirantes, no então distante bairro do Morumbi. Seus contemporâneos disseram que um dos motivos de tirar seu gabinete dos Campos Elíseros, foi fugir do assédio que sofria pela facilidade de acesso à então sede do governo e à sua mesa de trabalho. No Morumbi, com menos visitantes e menor número de pedidores de serviços e benesses do governo, teria mais tempo de pensar São Paulo e dar rumo ao seu governo. Não conseguiria, pois em 6 de junho do ano seguinte, teria os direitos políticos e o mandato cassado pelo governo militar e não mais voltaria ao poder.
É difícil saber, mas pode ter sido ali o critico momento de corte em que São Paulo começou a sucatear a sua até então florescente região central. Aos poucos os eixos de desenvolvimento foram se multiplicando e a região antiga – e até histórica – foi ficando em segundo plano. Deixou-se de investir na conservação e chegamos ao atual estado de coisas. A falta de políticas preservacionistas e a partição do poder público entre Estado e Municipio (e até União) abandonou aquilo que conhecemos como centro da cidade.
Agora começa o caminho de volta. O governador Tarcisio Freitas, recorrendo às PPPs (Parcerias Público-Privadas) vai criar um novo centro administrativo estadual e os serviços que demandam a presença do centro de poder. Em breve teremos o novo palácio e o centro administrativo dos Campos Elíseos. São Paulo deverá voltar a ter o ímpeto dos tempos passados. É uma tarefa grandiosa que não se resume à busca de investidores para implantar a estrutura de governo, mas também na utilização de dezenas, centenas ou até milhares de imóveis hoje semi-abandonados ou subutilizados. É preciso, como tarefa inicial, garantir a Segurança Pública para tornar a região novamente segura e atrativa a quem faz São Paulo produzir. Dar uma solução às cracolândias em suas diferentes plantas e cuidar da eficiência dos serviços públicos ao cidadão. Internar os viciados que já perderam a autonomia com o objetivo de recuperá-los e fazer isso quantas vezes for necessário atá atingir o objetivo.
O trabalho começa pela criação do serviço de segurança apoiado por motocicletas, único meio capaz de garantir a mobilidade das forças de segurança e socorro à população. A moto, por suas características, vence o congestionamento que impede a chegada das viaturas convencionais. E 80 veículos de duas rodas com policiais treinados para sua utilização em breve estarão circulando pelo centro paulistano. A idéia é que isso dê uma certa tranquilidade a quem ali tem de trabalhar ou fazer seus negócios e afugente os malfeitores que se acumularam na região mercê do abandono. O secretário Guilherme Derri te, da Segurança Pública, está investindo toda a criatividade própria e de sua equipe para viabilizar esse empreendimento. E São Paulo, num tempo não muito distante, haverá de reconhecer que tudo deu certo. Uma região que foi “top” no desenvolvimento da metrópole e da unidade federativa ainda conserva suas características e, bem tratada, só poderá voltar à produção. É um trabalho de grande envergadura que devolverá o orgulho ao paulistano pelas suas regiões históricas. Oxalá não fiquemos apenas na vontade do Estado e a obra possa contar também com os esforços municipais e federais. Há muito trabalho a executar e o lucro institucional (e até político) será a redenção da grande metrópole e o cuidado com o bem-estar da população. Uma obra que não tem donos, mas trará vantagem coletiva tanto para quem a executar quanto para seus destinatários.
São Paulo costuma responder bem aos investimentos. A partir do momento em que a segurança estiver reforçada naquilo que hoje se classifica como “cidade velha”, ela se renovará e voltará a pulsar rumo ao desenvolvimento. A infraestrutura antiga se renovará e todos viveremos melhores dias. E, como já se verifica, o empreendimento começa pela solução da segurança que sob a batuta e Tarcisio e Derrite, vem recuperando os terrenos perdidos em políticas que não surtiram os efeitos desejados.
Que a obra de redefinição da zona central, tenha o condão de devolver a São Paulo o charme e a importância perdidos em razão do sucateamento. Que o paulistano – nato ou por adoção – seja o grande beneficiário e ali encontre meios e razões para viver feliz. Que esse cidadão, pobre, rico ou remediado, localize razões para voltar e ficar na velha cidade e fazer parte dos esforços de rua redenção. Depois de desobstruídas suas artérias, a nossa São Paulo, sem qualquer dúvida, recuperará a beleza e importância das principais capitais mundiais. Seu cosmopolitismo trará de volta a outrora f estejada condição de capital cultural e econômica da América Latina, de que nunca deveríamos ter nos distanciado. Evidente que não voltaremos à situação viviva um século atrás. Mas o trabalho de todos nos conduzirá a recuperar a importância de então alavancada pelos recursos do mundo globalizado de hoje. Não podem se esquecer os governantes, seus auxiliares e todos os detentores de parcelas da autoridade social que Saúde, Educação, Habitsação, Assistência Social e Segurança são fundamentais. O investidor que buscamos só virá aqui depositar seus recursos se a ele apresentarmos uma cidade equilibrada e livre das chagas que hoje as desmerecem. São Paulo e seu povo merecem esse esforço e saberão como retribuí-lo na justa medida. O programa que vislumbramos tende a ser a redenç& atilde;o de nossa problemática e apaixonante urbe.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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