DIRCEU CARDOSO GONÇALVES

Brasil pode dobrar este ano os casos de dengue de 2023

A população está convocada para, no próximo sábado (02/03), participar do Dia D de Combate à Dengue, formatado pelo Ministério da Saúde. Sob o tema “Dez Minutos Contra a Dengue”, deveremos esvaziar garrafas e mantê-las de boca para baixo, limpar calhas, colocar areia nos pratos dos vasos de plantas, tampar tonéis, lixeiras e caixas d’água e, também, colocar ao abrigo da chuva objetos como pneus0. lonas e outros materiais que possam represar água e transformarem-se em criadouros do mosquito.
Embora já esteja começando timidamente a vacinação contra a dengue, exclusivamente para adolescentes, o instrumento mais eficiente para o combate à doença, segundo as autoridades sanitárias, é o combate e eliminação dos criadouros do mosquito transmissor. Se todos impedirem o acúmulo de água ao relento nos quintais, não haverá o inseto e a proliferação da doença será eliminada. Mas é preciso que todos assumam esse compromisso. Se apenas um dos ocupantes de imóvel do quarteirão negligenciar na limpeza, todos permanecerão sujeitos à contaminação transp ortada pelo aedes-aegypti.
As prefeituras e os governos estaduais são os executores do combate. O município faz o trabalho primário de fiscalização dos imóveis e mantém suas unidades de saúde a postos para receber e tratar os doentes, em trabalho conjunto com o Estado, que faz o monitoramento da evolução do trabalho e da infestação. Há uma série de providências, inclusive o estado de emergência e ações mais avançadas – como a nebulização das cidades com o objetivo de eliminar os mosquitos ali existentes.
O Ministério da Saúde divultou na última terça-feira que já foram registrados 973.247 casos de dengue em 2024, com 195 mortes. Outros 672 óbitos estão em investigação para saber se também decorrem do vírus. A estatística oficial diz que 55% dos afetados são mulheres. A faixa etária mais atingida é a de é de 30 a 39 anos. São 479 afetados para cada grupo de 100 mil habitantes. Minas Gerais é o Estado com maior número de casos de dengue, com 332.306 doentes. Aparecem em seguida, no quadro, São Paulo (170.017), Distrito Federal (100.078), Paraná (98.432). Rio de Janeiro (75.804), Goiás (58.201) e Espírito Santo (33.410). Da forma que a infestação se apresenta, o Brasil poderá ter neste ano o dobro dos 1.658.816 casos de dengue que foi registrado em 2023.
A vacinação é o outro recurso contra a dengue. Mas o baixo número das vacinas japonesas disponíveis no mercado e adquiridas pelo governo, só permite a vacinação dos adolescentes, tidos como vulneráveis. Mas já está em fase adiantada e com pedido de autorização prestes a ser apresentado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilânciua Sanitária), a produção da vacina produzida em São Paulo, pelo Instituto Butantan. Espera-se que ela possa ser aplicada a partir de 2025 em toda a população e que isso reduza os casos de dengue a baixos níveis. Além da autorização de produção, os envo lvidos também negociarão nos próximos meses os investimentos do Ministério da Saúde, Estados e Municípios no novo produto.
A dengue está presente no Brasil desde o final do Século 19 (em Curitiba PR) e inicio do Século 20 (em Niterói TF). Naquele tempo, a grande procupação era a transmssão da febre amarela. Pois sempre com ela conviveu, durante anos a teve como extinta, mas sua volta, nos anos 80, foi em grande escala e hoje a colocam como o grande mal epidêmico. Acredita-se que a priorização do combate à pandemia da Covid-19 foi um indutor ao avanço da dengue. Agora a tarefa é recuperar o tempo e, se possível, caminhar rumo à efetiva erradicação.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
tenentedirceu@terra.com.br

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