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Idoso cai de telhado e falta de ambulância equipada complica transporte

Apesar da distância curta, o transporte interno (do Pronto-Socorro para o Hospital Regional, e posteriormente para uma aeronave) tem sido um transtorno para pacientes entubados

Gladys Santoro Biaggioni – Tá No Site

Luiz Carlos Apolinário, de 74 anos, caiu, de cima de um telhado e bateu a cabeça no chão na manhã de hoje (12), em Santo Antônio da Platina/PR. Em estado grave, o idoso foi levado para o Pronto-Socorro do Hospital Nossa Senhora da Saúde, onde foi solicitado transporte aéreo, que chegou rapidamente no pátio do Hospital Regional do Norte Pioneiro. O problema é que a vítima não podia ser transportada para o helicóptero porque estava intubada e não havia uma ambulância de Suporte Avançado (munida de equipamentos de emergência) do Samu disponível. Para que a situação não se agravasse ainda mais, a equipe do helicóptero precisou retirar os equipamentos necessários da aeronave e adaptá-los em uma ambulância comum. Após toda essa manobra, o homem foi levado para o Hospital Regional para ser estabilizado o suficiente para resistir ao voo. O idoso foi levado para o Hospital Evangélico de Londrina em estado grave. Ainda não há notícias atuais sobre seu estado de saúde.

Na sexta-feira, 9, segundo o radialista Juninho Queiroz, uma senhora com problemas cardíacos precisou de uma ambulância, também equipada, para transportá-la a um hospital de Londrina onde faria um cateterismo. A demora para a chegada do veículo atrasou a entrada da paciente no hospital, que acabou perdendo sua vaga e o procedimento precisou ser adiado.

A falta de ambulância de Suporte Avançado, ou como é mais conhecida pela população, ambulância UTI, tem sido um problema crônico em Santo Antônio da Platina. As dificuldades não estão apenas no transporte de município para município por meio de rodovias. Santo Antônio enfrenta problemas sérios até mesmo no transporte interno, ou seja, do Pronto-Socorro para o Hospital Regional do Norte Pioneiro, onde o transporte aéreo costuma pousar. Um trajeto curto e rápido, mas que sempre acaba se tornando complicado para pacientes em estado grave, que precisam de equipamentos especiais e oxigênio.

A luta é antiga – A Secretaria Municipal da Saúde vem lutando há anos para conseguir que a cidade sedie uma base para ambulância de Suporte Avançado. Agora, com os desmembramento do atendimento do SAMU, ocorrido no dia 15 de novembro deste ano, o Cisnorpi (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro), com sede em Jacarezinho, passou a gerir o Serviço na abrangência da 19ª Regional de Saúde, o que deve beneficiar a região, que atende 22 municípios. Antes, o Samu era administrado pelo Cisnop (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte do Paraná), com sede em Cornélio Procópio, com abrangência de mais de 40 municípios, fato que dificultava toda a logística de socorro.

Para a secretária municipal da Saúde de Santo Antônio da Platina, Gislaine Galvão, a esperança é que o Cisnorpi reconheça as necessidades de Santo Antônio, já que o município também sedia o Hospital Regional, que recebe pacientes de toda a região. “A desintegração do Samu é muito recente, mas a equipe do Cisnorpi já iniciou estudos para favorecer Santo Antônio neste sentido. Hoje, nos 22 municípios, há apenas duas ambulâncias de Suporte Avançado atendendo a região. Nossa reivindicação é antiga, e agora, como o HRNP possui uma UTI, a necessidade é evidente. Antes, pelo regulamento, não poderia haver mais que uma ambulância especializada em um raio de 20 quilômetros. Com a desintegração e com a UTI, esse protocolo deixa de ser relevante”, comentou. Otimista, a secretária acredita que as circunstâncias atuais tendem a mudar em breve para melhor. “Já existem tratativas e planilhas de custos”, avisou.

Cuidados – Gislaine aproveitou para esclarecer que em alguns casos de emergência não se pode transferir o paciente antes de estabilizá-lo. “Esse senhor que caiu do telhado e estava em uma situação muito grave. Ele só poderia entrar no helicóptero se estivesse estável. Ele chegou no Pronto-Socorro às 10h30 e foi transferido pelo helicóptero por volta das 14h30. Boa parte desse tempo foi para estabilizá-lo”, contou.

Quanto à equipe do transporte aéreo ter que adaptar uma ambulância comum com equipamentos do helicóptero, a secretária explicou que esse procedimento não é tão incomum. “Está previsto, inclusive, no protocolo”, avisou.

Cisnorpi – O diretor do Cisnorpi em Jacarezinho, Antonione Palhares, mais conhecido como Tony Palhares, explicou que com o desmembramento do Samu muita coisa ainda tem que ser revista e estudada. Segundo ele, com menos de um mês administrando o Serviço, ainda não deu tempo para analisar todas as situações envolvendo o Samu. “É uma rede com 22 municípios envolvidos. Hoje temos duas bases de suporte avançado: uma em Jacarezinho e outra em Ibaiti, o que não significa que essas ambulância são exclusivas desses municípios. Elas apenas têm bases neles, mas suas funções são atender os 22 municípios. Sai aquela que estiver mais próxima do local do chamado. Cada caso deve ser estudado individualmente”, disse.

Diante do pouco tempo da nova administração, Palhares adiantou que é preciso fazer um levantamento das demandas e também dos custos de novas implantações. “Não faz nem um mês que o Cisnorpi assumiu o Samu. Tem muita coisa para ajustar. Uma delas já fizemos: as viaturas estão todas revisadas e funcionando bem. Caso quebrem, temos duas reservas para substituição”, explicou. O problema do sucateamento das ambulâncias era uma das principais reclamações da população regional, pacientes, equipes e motoristas.

De acordo com Palhares, dia 15, no auditório do Sesc, em Jacarezinho, haverá uma reunião, a partir das 8h30, com representantes da Saúde regional, prefeitos e com equipes técnicas da Secretaria Estadual da Saúde, onde serão debatidos problemas, protocolos de atendimento, necessidades, soluções e recursos para aprimoramento.

A coordenadora de Urgência e Emergência do Samu no Cisnorpi, Jucele Isabel da Silva também respondeu às ligações da reportagem do Portal Tá No Site. Ela comentou sobre os trabalhos que estão sendo realizados após a desintegração do Samu em relação ao Cisnop de Cornélio Procópio. “Como tudo é muito recente, estamos administrando do jeito que pegamos, enquanto fazemos algumas melhorias e estudamos novas medidas. Temos muito trabalho pela frente e vamos priorizar tudo o que é necessário para que a Saúde de nossa região seja muito bem cuidada”, disse. A coordenadora também citou a importância do encontro que ocorrerá no dia 15. “Temos muito para debater, ouvir e falar. Será um momento importante para o Samu regional”, afirmou.

A imprensa regional está convidada para participar do evento.

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