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Amar o trabalhador?

Muitos cristãos que tiraram notas baixas em Português leem a Bíblia e, obviamente, interpretam errado. Mesmo quem saiba Português, História, tenha lido Platão e Maquiavel, ainda assim pode não entender o “amar a Deus sobre todas as coisas” e “amar o próximo como a si mesmo”.Por isso, Jesus detalhava com exemplos (parábolas, citações do Antigo Testamento e fatos históricos). E também a Igreja escreve documentos detalhados e que, mesmo assim, são mal interpretados.

Por exemplo, pensam que a Rerum Novarum é um documento contra o comunismo, mas não só, condena também as relações que aconteciam entre o patrão e trabalhador em detalhes. A Igreja sabe que dizer “ame como Jesus” não é suficiente para o patrão tratar corretamente o trabalhador. Leia com esta visão e uma interpretação realística abrir-se-á na sua mente!E fala também das obrigações? Fala, mas merece frisar que a Igreja optou pelo “pobre” porque é a parte mais fraca da sociedade. Aliás, imita Jesus que optou pelo excluído, pelo explorado, pelo sem poder, pelo ladrão, pelo sem instrução, pela mulher, pela prostituta, pela adúltera, pelo pecador!Veja-se o parágrafo 10 da Encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas) do Papa Leão XIII, de 1891, que trata das obrigações dos operários e dos patrões: Entre estes deveres, eis os que dizem respeito ao pobre e ao operário: deve fornecer integral e fielmente todo o trabalho a que se comprometeu por contrato livre e conforme… (todos conhecem as obrigações).Quanto aos ricos e aos patrões, não devem tratar o operário como escravo, mas respeitar nele a dignidade do homem, realçada ainda pela do Cristão. O trabalho do corpo, longe de ser um objeto de vergonha, honra o homem, porque lhe fornece um nobre meio de sustentar a sua vida. O que é vergonhoso e desumano é usar dos homens como de vis instrumentos de lucro, e não os estimar senão na proporção do vigor dos seus braços.

O cristianismo, além disso, prescreve que se tenham em consideração os interesses espirituais do operário e o bem da sua alma. Aos patrões compete velar para que a isto seja dada plena satisfação. Proíbe também aos patrões que imponham aos seus subordinados um trabalho superior às suas forças ou em desarmonia com a sua idade ou o seu sexo.Mas, entre os deveres principais do patrão, em primeiro lugar, o de dar a cada um o salário que convém. Certamente, para fixar a justa medida do salário, há numerosos pontos a considerar. Duma maneira geral, recordem-se o rico e o patrão de que explorar a pobreza e a miséria e especular com a indigência, são coisas igualmente reprovadas pelas leis divinas e humanas:

“Eis que o salário, que tendes extorquido por fraude aos vossos operários, clama contra vós: e o seu clamor subiu até aos ouvidos do Deus dos Exércitos”[Tg 5,1ss].Enfim, os ricos devem precaver-se religiosamente de todo o ato violento, toda a fraude, toda a manobra usurária que seja de natureza a atentar contra a economia do pobre, e isto mais ainda, porque este é menos apto para defender-se, e porque os seus haveres, por serem de mínima importância, revestem um caráter mais sagrado.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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