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Dias antes de morrer, vítima denunciou PM por ter provocado morte da filha em parto precoce

A própria vítima relatou a situação em um boletim de ocorrência na Casa da Mulher Brasileira, quatro dias antes de morrer

O casal Dyegho Henrique Almeida da Silva e Franciele Cordeiro e Silva. O policial matou a ex-mulher na tarde desta terça (13), no bairro Rebouças, em Curitiba. Foto: Montagem Banda B/Reprodução Redes Sociais

Por Gabriel Souza/Banda B

Franciele Cordeiro e Silva, ex-mulher do policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva, que foi morta a tiros por ele no final da tarde desta terça-feira (13), denunciou o agente de segurança por ter provocado a morte da filha cinco dias após um parto precoce (sete meses), que aconteceu em março deste ano. A vítima relatou a situação em um boletim de ocorrência (BO), que a reportagem da Banda B teve acesso aos detalhes. A denúncia foi feita na Casa da Mulher Brasileira, na última sexta (9), quatro dias antes de ser morta.
A denúncia feita por Franciele junto à polícia aponta que Dyegho colocou um medicamento abortivo nas partes íntimas dela, alegando ser uma bolinha lubrificante. A situação teria acontecido pela primeira vez quando a vítima estava com dois meses de gravidez.

“Como a vítima sempre tomava banho depois de manter relações, neste dia ela achou estranho que ele não queria que ela fosse para o chuveiro. Ela achou estranho e acabou indo. No momento que fez ‘chuveirinho’ viu sair um produto branco e logo desconfiou ser o medicamento abortivo. Que ao questionar o Noticiado ele confessou ser Citotec (medicamento abortivo) e pediu desculpas. Que por causa disso eles brigaram e ele foi embora de casa. Mesmo assim ele insistia para ela abortar”, diz trecho do boletim do ocorrência.

O documento ainda traz outros detalhes ao longo dos meses de gestação de Franciele.

“Por algumas vezes foi na casa da vítima mas ela não manteve relações sexuais com ele. Que a vítima sempre disse que jamais abortaria, tanto é que chegou a ganhar a criança com 7 (sete) meses. No dia que a vítima tinha comprado o quarto da bebê ele pediu para conversarem e ver o quartinho. Que ele ajudou ela a montar o berço. Neste dia eles mantiveram relações sexuais e ele novamente chegou com uma caixinha de ‘bolinha lubrificante’”, aponta o BO.

Ainda, durante a última sexta, Franciele afirmou que recebeu uma ligação de Dyegho. Segundo a vítima, ele a ameaçou e afirmou que “iria pagar tudo o que fez” porque “não sabia do que ele era capaz”. A mulher ainda disse que o jovem falou que “estava ao ponto de fazer cagada”.

Em seguida, conforme aponta o BO, Franciele desligou o telefone na cara do ex e recebeu um aviso de sua outra filha, que teria dito que viu o PM em frente à residência onde ela morava.

Nascimento e morte da filha de Franciele
Já com sete meses de gravidez, uma outra situação suspeita teria acontecido após uma nova relação sexual, mas, após sentir fortes dores abdominais e sangramento, a vítima foi levada às pressas ao hospital. Em seguida ela deu luz a filha.

“Quando chegaram no hospital, a vítima estava anestesiada e o Noticiado começou a chorar e pedir perdão por tudo que fez para ela e para a filha. A vítima não entendendo nada perguntou o motivo mas ele não falou. A vítima não queria acreditar. Quando a criança faleceu, a vítima ficou com depressão e ele foi afastado por um mês do trabalho pelo psiquiatra. Como a vítima ficou sem reação, com depressão, e a mãe dele estava na casa deles, acabou não contando nada para ninguém, bem como pediu sigilo para sua advogada e médicos pois tinha muito medo da reação dele (até mesmo porque ele é policial militar). Ressalta também que sua gestação correu tudo bem, seu pré natal estava perfeito”, completa.

Após o nascimento e a morte, segundo o BO, ela ficou com depressão e o policial ficou afastado por um mês do trabalho pelo psiquiatra.

Policial mata ex no Rebouças
O policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva matou a tiros a ex-mulher, Franciele Cordeiro e Silva, no final da tarde desta terça-feira (13), na Rua Francisco Nunes, no bairro Rebouças, em Curitiba.

Após os disparos, ele se trancou dentro do Citroën C3 de cor branca com o corpo da vítima. Equipes policiais isolaram o local tentando negociar sua rendição até por volta das 21h15, quando o atirador tirou a própria vida com um tiro.

 

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