Por que os relacionamentos não são como antigamente? De onde vêm o medo de se entregar ao amor que vemos hoje em dia? O amor derreteu?
É comum vermos pessoas se perguntando coisas desse tipo, e o escritor, sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman (1925-2017), foi um dos autores contemporâneo que buscou explicar questões como essas da nossa sociedade.
As suas obras falam de capitalismo, educação, identidade, política, amor, etc. No livro “Amor Líquido”, ele buscou compreender a afetividade e a fragilidade dos laços humano nos dias atuais. Vivemos em um mundo de incerteza, como nunca antes, extrema insegurança em relação à tudo. O livro traz um conceito de que os relacionamentos, são apenas conexões e não mais relações.
O autor baseia suas análises de relacionamentos em sites de encontros, redes sociais, ele percebe que existe uma grande facilidade de esquecer o outro, de se desconectar. O foco mudou e a qualidade deixou de ser um requisito, mas sim na quantidade, de seguidores, números de amigos e consequentemente diminui a qualidade das relações.
Para Bauman, a dificuldade em lidar com o outro está na falta das ferramentas necessárias para se iniciar um relacionamento. As novas formas de se relacionar se opõem às antigas, sendo que a habilidade com as primeiras reduz a capacidade com as últimas.
O contato via rede social tomou o lugar de boa parte dos solteiros que iriam para bares em busca de parceiros, no entanto, os poucos que ainda os frequentam, não sabem mais como se relacionar em tal ambiente. A situação de extrema insegurança e incerteza também se relaciona com a incapacidade de amar o próximo. Relacionando isso com o número crescente de diagnósticos de depressão e síndrome do pânico, Bauman volta ao conceito para defini-lo, se debruçando, primeiramente, no amor-próprio.
O autor diz que o amor-próprio é resultado de ser amado. Quando o sujeito percebe que sua voz é ouvida, que sua opinião é importante ou que sua presença será sentida, ele entende que é digno de amor. Só o outro pode dizer se somos dignos de amor, o que fazemos é reconhecer esta classificação.
Nós nos amamos quando nosso ego se identifica com o outro e, desta forma, amamos a nós, merecedores de amor, e amamos o outro identificado. É nesta relação que Bauman diz ser “amar ao próximo como ama a ti mesmo” a máxima que funda a moralidade.
Na maior parte das vezes, pensamos no amor associando a alguém ou a algo fora de nós. Provavelmente causado pelo condicionamento que recebemos desde a infância. A verdade é que amamos condicionalmente. E, assim, a força do nosso amor fica na troca. Eu dou, logo recebo. Se recebo, então dou. Às vezes só damos, mas, como regra, esperamos alguma reciprocidade.
O amor que devotamos a nós mesmos, vai além daquilo que é imposto como padrão para a sociedade. O amor-próprio é, portanto, um amor incondicional. Nele o próprio eu, se ama com todo o seu bem e com todo o seu mal. Com todos os seus erros e as suas dificuldades.
A importância da leitura do livro está em desconstruir essa nova realidade virtual e retomarmos nossas relações internas e externas. A experiência com a obra é de suma importância para a compreensão de como se dão as relações e como nós mesmo nos tratamos e a reflexão disso para os demais. Somos um “espelho”, nossas relações costumam acompanhar a produção do mercado, tornando tudo muito artificial e superficial. O autor traz que é as relações são trocadas atualmente como se fosse um objeto quebrado onde é mais fácil eu trocar do que arrumar.
Referências. BAUMAN, Z. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
Meu nome é Vivian Cury, sou psicóloga sistêmica e atuo no âmbito dos relacionamentos e famílias no contexto clínico. Ajudo diversas mulheres a restaurar o casamento e a melhorar a convivência familiar através de psicoterapia e treinamentos de inteligência emocional, presencial e on-line para todo o Brasil. Entre em contato para maiores informações através do número (14) 99656-3824 (Whatsapp) e acompanhe os conteúdos no instagram @vivian_cury.
Artigo por Vivian Cury Lunardi
Psicóloga Sistêmica CRP 06/ 174773
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