DIRCEU CARDOSO GONÇALVES

A reacomodação das forças políticas

Dirceu Cardoso Gonçalves*

O alinhamento do PT de Lula com o PL de Bolsonaro em 13 Estados e a divisão da bancada evangélica no Congresso Nacional pode representar uma esperança. Fundada na expectativa de que esse novo momento possa reduzir – ou até eliminar – a nefasta polarização, que tanto mal tem feito à vida política brasileira. Da forma que têm agido, os seguidores extremados de ambos os lados colocam-se a enorme distância das necessidades da sociedade por equilíbrio e solução pacífica dos problemas. Pelo contrário, ao radicalizar, aprofundam o fosso da discordia e da confrontação cavado ao longo dos anos de discórdia nacional.
A classe politica, composta em sua essência pelos representantes eleitos e respectivas militâncias, precisa compreender que o fato de terem posicionamentos diversos ou até antagônicos não as faz , automaticamente, inimigos uns dos outros. O ambiente político regular estabelece a tarefa de os diferentes parlamentarem e, através da negociação honesta, justa e civilizada, chegar à conclusão do melhor para a população. As brigas e a perseguição ao adversário em nada contribuem; servem só para deslustrar os participantes e frustrar o resultado das ações político-administrativas.
As bancadas eleitas com votos classistas – evangélicos, policiais, professores, metalúrgicos, etc – têm o dever de atuar fechadas com aqueles que as elegeram, priorizando os interesses da classe em primeiro plano; não esquecer que só estão ali porque se comprometeram a representar e defender o segmento. Quanto a assuntos de política geral e alinhamento aos diferentes grupos, cada parlamentar deve aliar-se ao que melhor atenda suas convicções, sem esquecer que sua ação, para ser eficiente, deve estar em sintonia com os interesses do povo.
O exemplo do governador de São Paulo, Tarcisio Gomes de Freitas, é marcante. Eleito dentro do bolsonarismo, no primeiro mês de governo já se encontrou varias vezes com Lula para tratarem de assuntos que envolvem o Estado e a União. É o que precisam fazer todos os governantes estaduais, sem que isso represente adesão política deles ao presidente e nem o inverso. Sejam simplesmente os diferentes tratando das questões que lhes são comuns e do interesse do povo.
A exacerbação do pensamento politico e, principalmente das ações, acabam levando a acontecimentos que ninguém imagina estarem por vir, como os ataques aos prédios do Palacio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro. Espera-se que, passado o momento da estúpida luta e com as provas colhidas, a Justiça, pelas devidas instâncias, tenha condições de apurar rigorosamente a participação criminosa de cada envolvido e apená-los dentro do devido processo legal. O ideal é que os culpados não restem impunes e que não sejam levados a pagar pelo que não cometeram pelo simples fato de estarem nas proximidades dos distúrbios.
Para o bem da Nação, em nenhum momento há de parecer – e muito menos ficar provado – que o crime compensa. Os fatos, também, não devem servir de combustível para a bestial luta político-ideológica. Até porquê constituem resultado dessa mesma desagregação e, se vierem a ocorrer novos distúrbios, dificilmente serão resolvidos sem a perda de vidas, até de inocentes.
As palavras mais adequadas para nossos dias são paz e respeito à diversidade…

*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br

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