Geral

Mundo vira ciclo e exige juízo dos políticos

Dirceu Cardoso Gonçalves*

Especialistas em futuro econômico dizem que atualmente os destaques entre os países são a Índia – que já passou a China como o país mais populoso do planeta e logo também adquirirá mais vigor na economia. No lado ocidental, o destaque está com o México que se beneficia de ser vizinho dos Estados Unidos. Na previsão de longo prazo – para o ano de 2075 – a Índia será a segunda economia mundial, atrás apenas da China. Os Estados Unidos – hoje primeiro lugar – ficará em terceiro e a Zona do Euro (formada por 19 países europeus) será o quarto maior bloco. O México será o de maior crescimento na América Latina e o Brasil, para nosso desapontamento, não terá grande importância porque possui muitos gargalos a vencer. O panorama é projetado com reflexos da pandemia da Covid-19 e da guerra Rússia-Ucrânia, entre outros. É, sem dúvida, uma grande virada de ciclo.
Verifica-se no panorama econômico mundial, a China lutando para se livrar dos reflexos da pandemia – cujo vírus saiu de seu território – e arrebatar os mercados tradicionalmente dominados pelos Estados Unidos. Verificam-se, inclusive, movimentos de intolerância entre as duas potências econômicas do presente que se não forem bem administrados poderão levar a sérios conflitos. Os chineses – contraditoriamente governados por partido único e praticantes da economia de mercado – fazem todo esforço para arrebatar parceiros ao redor do mundo. É o que fazem no Brasil, onde já realizaram grandes investimentos e hoje lutam para se firmar na indústria automobilística, especialmente na migração da frota movida à combustão pela de veículos elétricos. Registre-se que o avanço da indústria chinesa provoca grandes impactos. Até o Brasil já perdeu para os chineses uma parte da sua clientela de manufaturados com os países da própria América Latina. É difí8cil prever o que tudo isso provocará ao longo do tempo.
Dentro de todo esse nebuloso quadro internacional, temos no Brasil reformas por realizar, que enfrentam dificuldades na esfera parlamentar. O governo, eleito dentro da extrema disputa e polarização, não dispõe dos votos necessários para aprovar com alguma tranquilidade os seus projetos, especialmente os que se referem à cobrança de impostos e distribuição do bolo orçamentário entre União, Estados e Municípios. As negociações para a atração da maioria parlamentar, apesar de envolverem somas elevadíssimas de recursos, não consolidam a base do governo que, a cada votação, é ; obrigado a fazer novos aportes. É bem provável que muito em breve não haja mais dinheiro a investir.
No clima tenso que se vive em Brasília, informa-se que na volta do recesso de meio de ano (1° de agosto), há muitos partidos, senadores e deputados de oposição com a disposição de “desidratar” o governo. É um quadro preocupante pois quem deverá dar o norte dos acontecimentos é a divergência política e não a convergência de interesses da Nação. Pensamos que tanto o governo quanto os parlamentares não podem se esquecer que, para assumir a posição onde hoje se encontram, precisaram dos votos da população e que, principalmente por isso, dela não podem se esquecer. No lugar dos interesses políticos de grupos ou próprios, é preciso tratar das demandas da população.
A conjuntura mundial apresenta muitas mudanças que poderão ajudar ou prejudicar os interesses de nosso País e, consequentemente, da população. Espera-se que todos os eleitos estejam – agora mais do que antes – conscientes do grande compromisso que assumiram com o eleitor e não caiam na tentação de descumpri-lo. Isso poderá custar anos de sofrimento a muita gente…

*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br

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